São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 2008

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SONINHA

Consistente e paciente


Rendimento do São Paulo melhora à medida em que o campeonato avança para o seu momento decisivo

APESAR DAS chances matemáticas de cinco times, a lista dos "verdadeiros postulantes"" ao título brasileiro foi reduzida, inúmeras vezes, a apenas duas. O problema é que essas duas já formaram várias duplas diferentes. A única presença constante é o São Paulo.
"Problema" por quê? Porque o possível título do tricolor é o maior pesadelo da torcida dos outros times (ao menos de seus conterrâneos).
Perder o campeonato é ruim; ver o São Paulo comemorar outra vez é insuportável. Palmeirenses e corintianos são capazes de torcer fervorosamente pelo tricolor gaúcho para tentar evitar mais um foguetório na vizinhança. Caso o Grêmio seja campeão, a comemoração em São Paulo será semelhante à festa pela classificação do Fluminense para a semifinal da Libertadores...
Há quem torça contra o São Paulo em nome do "futebol bonito", que estaria mais bem representado, por exemplo, por Internacional e Cruzeiro (dois times que eu gosto de ver jogar). O líder conquistou a reputação de jogar em estilo pouco brasileiro, pouco representativo de nossas melhores características. Será?
O time do Morumbi não tem mesmo nenhum grande driblador, daqueles que despertam o impulso de chamar de "craque" (ainda que sejam péssimos em algum fundamento). Nenhum artista dado a espetáculos individuais. Mas tem jogadores excelentes em seus papéis regulares, eficazes, absolutamente confiáveis. Ao longo de toda a temporada? Não. Mas o rendimento do time melhora à medida em que o campeonato avança para o seu final.
Estratégia muito bem calculada desde o começo, resultado natural do amadurecimento da equipe ou da incorporação, por cada um, de uma cultura de poupança, paciência e persistência? Provavelmente, um pouco de tudo.
Sua paciência, principalmente, é admirável. Não é algo sobrenatural, de iogue do Himalaia. É sujeita a surtos tipicamente nossos, como ameaças de crises ao menor sinal de instabilidade, pedidos da cabeça do técnico, jogadores postos em disponibilidade pela torcida.
A diferença é que eles não cedem facilmente a esses impulsos. Assim foi que o "ciclo Muricy", dado como encerrado um número de vezes, em desilusões apaixonadas ou análises racionais, seguiu impávido. Que Dagoberto finalmente recuperou a forma, voltando a ser jogador decisivo. Que Jorge Wagner e Borges se afinaram à perfeição e Hernanes voltou a desequilibrar. Que André Dias se firmou como pilar da defesa...
O futebol de tamanha consistência e sintonia coletiva tem também sua graça. Os números do São Paulo sugerem que alguma qualidade a equipe tem, além da eficiência "feiosa". Tem a segunda melhor defesa e também o melhor ataque, com 62 gols marcados, e está mesmo perto do inédito hexa. (Pena ter gastado a palavra "inédito" quando ficou com o penta, ano passado... Se reconhecesse que o Flamengo foi campeão em 87, como não fez na época, seria muito mais bonito).

Inamistoso
Absurdo o Inter não poder contar com Alex contra o Chivas por causa de um amistoso da seleção. Tão absurdo quanto ter jogo da Sul-Americana em data Fifa.

soninha.folha@uol.com.br


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