São Paulo, terça-feira, 17 de dezembro de 2002

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Com medo do assédio, diretoria sabatina empresários e impõe regras de conduta a suas estrelas

Santos monta blindagem para proteger os meninos

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Não são apenas das fãs e dos zagueiros rivais que as duas maiores estrelas do Santos campeão brasileiro, Diego, 17, e Robinho, 18, sofrem marcação cerrada.
Maiores garantias do retorno do investimento feito na Vila Belmiro pela família do presidente Marcelo Teixeira -no total de R$ 20 milhões-, as jovens revelações são hoje protegidas por um verdadeiro esquema de blindagem.
Todos os passos dos novos ídolos, desde a nomeação de um procurador até os horários de descanso, têm que ser comunicados à cúpula do campeão nacional.
Até os menos assediados, como os volantes Paulo Almeida e Renato, o zagueiro Alex e o meia-atacante Elano são atingidos pela "superproteção santista".
Para começar, a diretoria está preparada para afastar suas estrelas de empresários que possam prejudicar os interesses do clube.
O relacionamento desses atletas com seus procuradores é controlado de perto pela diretoria.
"Se eu disser para um jogador que o empresário dele não presta, ele tem que largar o cara", afirmou à Folha Marcelo Teixeira.
Alguns empresários são até sabatinados pela diretoria. Foi o caso de Wagner Ribeiro, procurador de Robinho. Representante de Kaká e do atacante França, hoje no Bayer Leverkusen, Ribeiro gerou polêmica no clube do Morumbi por ter quase um monopólio sobre os atletas são-paulinos.
"O Robinho me contou que estava com o Wagner Ribeiro, e chamei esse cidadão na minha sala para ele saber com que tipo de clube está lidando", declarou o presidente santista. "Tudo o que o jogador fizer tem que ser com a nossa anuência. O Santos tem o cuidado de tentar eliminar tudo o que for ruim para o atleta."
Teixeira também demonstra preocupação com o comportamento dos jogadores fora de campo. Para evitar que noitadas prejudicassem o desempenho de seus atletas, a diretoria contou com a ajuda de Emerson Leão.
O técnico, que ainda não definiu a sua permanência no time, procura orientar os jogadores conversando sobre os mais diferentes assuntos. "Quando é preciso, falo até sobre drogas", disse Leão.
Segundo os jogadores, o treinador costuma fazer rondas nas concentrações e até entrar de surpresa nos quartos para vigiá-los.
Leão e Teixeira se reuniram ontem, mas não chegaram a um acordo sobre situação do técnico. Amanhã haverá novo encontro.
O treinador disse ter propostas de clubes do Brasil e do exterior.
"Vou pensar mais em mim."
Apesar da chance de encher os cofres -caso negocie Robinho e Diego com clubes do exterior-, Teixeira disse que os dois ficam.
Com contrato até 2006, Diego tem uma multa rescisória de US$ 50 milhões. Para Robinho, que tem compromisso até 2005, foram estipulados US$ 35 milhões.

Fora de campo
A presença de Diego e Robinho no início da preparação para o Paulista-2003 ainda não é certa.
Com um estiramento muscular que o fez deixar o campo na final com o Corinthians, Diego ficará ao menos três semanas sem jogar.
Robinho também pode ficar um tempo inativo. De acordo com o chefe do departamento médico do Santos, Carlos Braga, ele vinha atuando com uma leve dor na tíbia da perna direita. O médico teme que o atleta possa ter uma pequena fratura por estresse.
Antes do diagnóstico médico, porém, a diretoria já tinha decidido pedir a liberação dos dois atletas da seleção brasileira sub-20, para a qual foram convocados.
O diretor de futebol do Santos, Francisco Lopes, disse que o clube enviará uma carta à confederação informando que Robinho e Diego não se apresentarão para a disputa do Sul-Americano da categoria.


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