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Com medo do assédio, diretoria sabatina empresários e impõe regras de conduta a suas estrelas
Santos monta blindagem para proteger os meninos
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
Não são apenas das fãs e dos zagueiros rivais que as duas maiores
estrelas do Santos campeão brasileiro, Diego, 17, e Robinho, 18, sofrem marcação cerrada.
Maiores garantias do retorno do
investimento feito na Vila Belmiro pela família do presidente Marcelo Teixeira -no total de R$ 20
milhões-, as jovens revelações
são hoje protegidas por um verdadeiro esquema de blindagem.
Todos os passos dos novos ídolos, desde a nomeação de um procurador até os horários de descanso, têm que ser comunicados à
cúpula do campeão nacional.
Até os menos assediados, como
os volantes Paulo Almeida e Renato, o zagueiro Alex e o meia-atacante Elano são atingidos pela
"superproteção santista".
Para começar, a diretoria está
preparada para afastar suas estrelas de empresários que possam
prejudicar os interesses do clube.
O relacionamento desses atletas
com seus procuradores é controlado de perto pela diretoria.
"Se eu disser para um jogador
que o empresário dele não presta,
ele tem que largar o cara", afirmou à Folha Marcelo Teixeira.
Alguns empresários são até sabatinados pela diretoria. Foi o caso de Wagner Ribeiro, procurador de Robinho. Representante
de Kaká e do atacante França, hoje no Bayer Leverkusen, Ribeiro
gerou polêmica no clube do Morumbi por ter quase um monopólio sobre os atletas são-paulinos.
"O Robinho me contou que estava com o Wagner Ribeiro, e
chamei esse cidadão na minha sala para ele saber com que tipo de
clube está lidando", declarou o
presidente santista. "Tudo o que o
jogador fizer tem que ser com a
nossa anuência. O Santos tem o
cuidado de tentar eliminar tudo o
que for ruim para o atleta."
Teixeira também demonstra
preocupação com o comportamento dos jogadores fora de campo. Para evitar que noitadas prejudicassem o desempenho de
seus atletas, a diretoria contou
com a ajuda de Emerson Leão.
O técnico, que ainda não definiu
a sua permanência no time, procura orientar os jogadores conversando sobre os mais diferentes
assuntos. "Quando é preciso, falo
até sobre drogas", disse Leão.
Segundo os jogadores, o treinador costuma fazer rondas nas
concentrações e até entrar de surpresa nos quartos para vigiá-los.
Leão e Teixeira se reuniram ontem, mas não chegaram a um
acordo sobre situação do técnico.
Amanhã haverá novo encontro.
O treinador disse ter propostas
de clubes do Brasil e do exterior.
"Vou pensar mais em mim."
Apesar da chance de encher os
cofres -caso negocie Robinho e
Diego com clubes do exterior-,
Teixeira disse que os dois ficam.
Com contrato até 2006, Diego
tem uma multa rescisória de US$
50 milhões. Para Robinho, que
tem compromisso até 2005, foram estipulados US$ 35 milhões.
Fora de campo
A presença de Diego e Robinho
no início da preparação para o
Paulista-2003 ainda não é certa.
Com um estiramento muscular
que o fez deixar o campo na final
com o Corinthians, Diego ficará
ao menos três semanas sem jogar.
Robinho também pode ficar um
tempo inativo. De acordo com o
chefe do departamento médico
do Santos, Carlos Braga, ele vinha
atuando com uma leve dor na tíbia da perna direita. O médico teme que o atleta possa ter uma pequena fratura por estresse.
Antes do diagnóstico médico,
porém, a diretoria já tinha decidido pedir a liberação dos dois atletas da seleção brasileira sub-20,
para a qual foram convocados.
O diretor de futebol do Santos,
Francisco Lopes, disse que o clube
enviará uma carta à confederação
informando que Robinho e Diego
não se apresentarão para a disputa do Sul-Americano da categoria.
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