EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O que antes se chamava dispensa agora vem disfarçado de férias. Alguns clubes da elite no país, mesmo antes de definirem seu futuro no Brasileiro, anteciparam o período de descanso de seus jogadores. Muitos deles não voltarão.
A moda, que começou com o Palmeiras na semana passada, espalhou-se rápido. Nos últimos dias, Cruzeiro, Criciúma, Botafogo, Paraná e Figueirense deram folga para parte de seus elencos.
No caso do time do Parque Antarctica, do presidente Mustafá Contursi, que também dirige o Sindafebol, sindicato de clubes, a decisão de dispensar atletas antes do fim do campeonato foi represália à ida de seus jogadores ao sindicato da categoria -11 palmeirenses estiveram na reunião.
Eles, ao lado de atletas de outros clubes paulistas, reivindicaram férias de 30 dias e seguro de vida.
O dirigente não gostou da atitude dos palmeirenses. O atacante Renaldo foi dispensado. Outros, como Sérgio, receberam férias ainda quando o Palmeiras lutava por vaga na Libertadores. Além do goleiro, outros 12 atletas saíram. Pelo menos dois não devem mais vestir a camisa do clube.
O Corinthians também demitiu alguns jogadores disfarçadamente. A diretoria deu "férias antecipadas" ao zagueiro Valdson, ao meia Rodrigo e ao atacante Marcelo Ramos, mas eles não seguirão no Parque São Jorge.
Outros oito atletas ganharam descanso: o goleiro Fábio Costa, o zagueiros Anderson e Marcelo Oliveira, os volantes Wendel e Fabinho, o meia Fábio Baiano e os atacantes Gil e Jô. Eles se reapresentam em 5 de janeiro.
O Botafogo, que luta contra o rebaixamento no Nacional, dispensou oito jogadores. A diretoria do clube e o técnico Paulo Bonamigo, entretanto, não trataram a questão como corte de pessoal.
"Temos somente um jogo para fazer, e eu quero dar um foco maior a um grupo menor. O restante entrou de férias. Já era para haver esse enxugamento antes. Alguns não vinham participando dos jogos, então achamos melhor dar férias a eles do que deixá-los treinando. Dispensa não é a palavra", justificou o técnico.
O Criciúma, outro ameaçado pela degola, também antecipou as férias de 13 jogadores, três deles titulares na maior parte do torneio.
O volante Rafael, que marcou cinco gols no Nacional, não retornará ao clube no dia 10 de janeiro. Alguns companheiros dele também seguirão o mesmo caminho.
O Cruzeiro, que liberou 13 atletas, disse que dispensará alguns e emprestará outros. O Figueirense, que disputa vaga na Copa Sul-Americana de 2005, anunciou férias para 11 jogadores. "Quando um clube dá férias individualmente, isso é depreciativo. Fica subentendido que ele foi dispensado", disse Rinaldo Martorelli, presidente do Sindicato dos Atletas do Estado de São Paulo.


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