São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 2006

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entrevista

FIG compara evolução da F-1 à da ginástica

DA REPORTAGEM LOCAL

Presidente da Federação Internacional de Ginástica desde 1996, o italiano Bruno Grandi diz que hoje não pode revelar quem são seus ginastas preferidos para não influenciar a arbitragem. Mas aprova o novo código de pontuação, dizendo que ele se fez necessário, pois, como na F-1 com os carros, os atletas evoluíram e não podiam mais ficar nivelados.0 (CCP)

 

FOLHA - Como o sr. avalia a finalíssima da Copa no Brasil?
BRUNO GRANDI -
Foi uma escolha política, que exige investimentos e boa organização. Demos uma ajuda [isenção de taxas e pagamento da premiação, de cerca de R$ 300 mil] e decidimos fechar com o Brasil porque, além de o país se mostrar capaz, visamos expandir a ginástica, para que ela seja tão forte como na Europa em outras regiões.

FOLHA - E novo código?
GRANDI -
Se falar que não está bom, é melhor eu me matar. O novo código era necessário. Imagine a Ferrari de 1934 nos circuitos atuais. Não terá a velocidade dos carros de hoje. Assim é a ginástica, como a F-1. Como os carros, os atletas evoluíram, a nota 10, o escore perfeito, já não distinguia os bons e os medianos. É claro que estamos nos adaptando. Mas os resultados têm sido bons, é só ver Europeu e Mundial.

FOLHA - Mas a nota 10 era um conceito tradicional...
GRANDI -
As maiores reclamações são dos americanos. Esse conceito de que não pode mudar, de ficar preso à pontuação perfeita, de fantasia, é do povo americano. Hoje o julgamento é mais simples, menos subjetivo e dá mais liberdade ao atleta. A ginástica é como a F-1, evoluiu.

FOLHA - Qual é o seu ginasta preferido atualmente?
GRANDI -
Tenho ginastas de que gosto muito. Mas a ginástica é um esporte de julgamento, por isso não posso apontar esse ou aquela, porque posso acabar influenciando a nota de um jurado.

FOLHA - No último Mundial, houve questionamentos na final masculina do solo.
GRANDI -
Não é algo relevante como a apresentação de Alexei Nemov em Atenas [quando o público vaiou a nota]. Antes, o código era limitado, nivelava a qualidade dos atletas. Era como a disputa entre Renault e Ferrari. No início, com mecanismo proibido, a primeira levava vantagem. Depois, sem ele, não. Foi o que fizemos, criamos homogeneidade, sem aquele monte de nota igual, e permitimos ao atleta inovar.

FOLHA - Quem mais tem crescido na ginástica?
GRANDI -
É difícil avaliar. Vejo só resultados. O Brasil tem se mostrado forte, a China, mas não sei avaliar como está a ginástica dentro desses países, quem investe nela.


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