São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

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Investidores "amigos" criam conflito no clube

SANTOS
Membros de grupo de auxílio ao presidente têm participação em empresa


DE SÃO PAULO

Para conquistar seu terceiro título na Libertadores, o Santos conta com o dinheiro de uma empresa criada justamente para esse propósito.
Mas a relação entre o clube e a Teisa (Terceira Estrela Investimentos S/A) é alvo de constantes questionamentos sobre conflitos de interesse.
Isso porque alguns investidores estão, também, no Grupo Guia (Gestão Unificada de Inteligência e Apoio), que auxilia o presidente Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro.
O Santos admite que 20% da Teisa está nas mãos de membros do Guia, que é formado por altos executivos.
Entre eles, Walter Schalka, presidente da Votorantim Cimentos, José Berenguer, vice-presidente-executivo do Santander, Álvaro de Sousa, que preside o conselho de administração da Gol, Eduardo Vassimon, do conselho do Itaú BBA, Fabio Barbosa, que preside a Federação Brasileira de Bancos, e Guilherme Leal, presidente da Natura.
Até agora, a Teisa já investiu R$ 8,5 milhões em fatias de quatro jogadores: Neymar (5%), Jonathan (20%), Elano (20%) e Arouca (20%).
"Esse tipo de relacionamento não é ilegal, mas é imoral", afirma o opositor Vasco Vieira, que coordenou a campanha do ex-presidente Marcelo Teixeira na última eleição. "São pessoas ligadas à administração. O presidente é apenas uma figura."
Sob esse ponto de vista, a parceria cria conflitos éticos, já que os detentores de parte dos direitos desses jogadores têm, também, influência sobre o futuro dos atletas, inclusive em negociações.
Luis Alvaro nega, já que, oficialmente, os executivos não são da diretoria. "Eles não têm nada a ver com a carreira do jogador no clube", diz. "Não assinam cheques e não contratam", defende.
Mas pessoas que negociam com o clube veem de outra forma. "Claro que influenciam. Eles comandam reuniões, levam números", reclama Tiago Ferro, gerente do DIS. O braço esportivo do Grupo Sonda ocupava papel semelhante na gestão anterior e, agora, perdeu espaço.
"Foram eles que tomaram a frente da parte econômica na renovação do Neymar", afirma o empresário Wagner Ribeiro, procurador do atleta que, no ano passado, recusou proposta do Chelsea.
A Teisa tem um contrato de exclusividade com o Santos e repassa 75% de seus lucros para o clube. "O Santos, com as dívidas, não podia contratar", diz Luis Alvaro.
A Folha tentou contatar integrantes da Teisa, mas não teve sucesso. (LL)


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