São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

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Ministério falha no esporte de base

OLÍMPICOS
Faltando cinco anos para a Rio-16, TCU aponta fracasso na detecção de talentos


DE SÃO PAULO

Restando cinco anos e meio para o Rio sediar a Olimpíada, o Brasil carece de um sistema adequado de detecção de jovens talentos.
Essa é uma das constatações de um relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) sobre os gastos do governo federal com o esporte de alto rendimento no país.
"As iniciativas que tiveram lugar até aqui, por parte do Ministério do Esporte, foram pouco abrangentes, incompletas e não conseguiram atingir o objetivo de qualquer processo de detecção, que é o encaminhamento de talentos para locais de desenvolvimento", afirma o relatório.
Segundo estimativas da própria Secretaria Nacional de Esportes de Alto Rendimento, ligada ao ministério, cerca de 2% da população de crianças e jovens possui elevado potencial para o esporte de alto nível. Ou seja, o país possui cerca de 540 mil jovens talentos inexplorados.
O número de jovens "descobertos" pela pasta, 5.800, é quase irrisório se comparado a esse total.
Em 2004, o ministério lançou o projeto Descoberta de Talentos, cujo objetivo era cadastrar 40 mil jovens atletas em um banco de dados que poderia ser acessado por clubes e confederações.
Entre 2004 e 2005, a pasta gastou quase R$ 611 mil no programa e "descobriu" 5.800 atletas, que continuaram subaproveitados.
Segundo o TCU, uma parte das confederações nem sequer sabia da existência do banco de dados. Entre as que sabiam, só três entidades disseram ter avaliado os jovens atletas "descobertos".
Em 2008, o ministério focou seus esforços de detecção para o atletismo. O projeto Pentatlo Federal consumiu R$ 264,8 mil e também fracassou, segundo o TCU.
"Novamente a ação não teve continuidade, e os jovens, com poucas exceções, não foram encaminhados aos centros de formação", afirma o documento do TCU.
O ministério, por meio de sua assessoria, diz que o Descoberta de Talentos identificou "muitos jovens com índices promissores, entre eles Cléia Guilhon e Rayssa Costa, atuais primeira e segunda colocadas no ranking da esgrima nacional, respectivamente", mas reconhece que o programa precisava avançar.
Outra ação do pasta voltada ao esporte de base foi questionada pelo TCU. Segundo o relatório, o repasse de verba para os Núcleos de Esportes de Base despencou de R$ 39 milhões, em 2006, para R$ 2 milhões, em 2009.
"O resultado é o abandono do trabalho de base de um grande número de atletas em potencial", diz o relatório.
O tribunal ainda enfatiza o fato de o programa Bolsa Atleta priorizar pouco os mais jovens. Entre 2005 e 2009, só 8% das bolsas foram destinadas à categoria estudantil. Em 2010, uma medida provisória criou a categoria atleta de base no programa.


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