São Paulo, quarta, 18 de fevereiro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DESPORTOS AQUÁTICOS
Daniela Raddi afirma esperar sentença da Fina para poder recorrer
Acusada de doping prepara defesa

da Reportagem Local

A jogadora de pólo aquático Daniela Raddi, 23, que teve confirmado o uso de doping durante o Mundial de Perth, na Austrália, já está preparando sua defesa.
O teste de Raddi, 23, após o jogo entre a seleção brasileira e o Cazaquistão (9 a 9), em 12 de janeiro, acusou a presença de anfetamina, um estimulante, e de hydrochlortazide, um diurético. A contraprova, divulgada sexta-feira passada, ratificou o resultado inicial.
A atleta pode ser suspensa por até dois anos pela Fina (Federação Internacional de Natação), órgão responsável pela organização do Mundial. O Brasil corre o risco de perder a 10ª colocação no torneio.
De acordo com a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), a decisão da Fina só deve ocorrer no final deste mês.
""Estou tentando descobrir o que pode ter acontecido. Pode ter sido algum remédio ou alguma substância que meu organismo reteve", diz Raddi, que protagonizou um dos seis casos de doping registrados na competição.
Ela afirma que no Mundial só ingeriu medicação para aliviar dores no ombro, indicada pelo médico da delegação brasileira, e se submeteu a sessão de acupuntura.
Logo depois da divulgação do primeiro resultado, ainda em Perth, o médico que assistiu à seleção, Mário Sérgio Rossi, divulgou nota afirmando que prescreve somente antiinflamatórios não hormonais aos atletas.
Raddi diz que antes da viagem fizera tratamento por causa de problemas intestinais, sob orientação de seu médico particular.
""São remédios de manipulação. A gente acha que aconteceu algum erro na preparação desses remédios, porque eu sempre tomei cuidado para não ingerir nada que pudesse ocasionar doping. Em novembro, eu fiz o antidoping da CBDA, e não acusou nada".
Para Coaracy Nunes, 59, presidente da entidade, a confirmação do doping da jogadora não coloca em dúvida a credibilidade dos exames realizados pela Confederação Brasileira antes do Mundial.
""Os médicos da Fina me garantiram que a substância encontrada no corpo dela só fica retida por no máximo 24 horas".
A atleta recorreu a quatro médicos para a preparação de sua defesa, que deve ser apresentada à Fina após ser divulgada a sentença.
""Eu estou querendo que saia logo essa decisão. Assim defino minha vida. Ou me dão a pena ou me absolvem. Se eu for punida, acho difícil que eles voltem atrás."
Mesmo que prove seu doping foi involuntário, as chances de, em caso de punição, ter pena reduzida ou cancelada são quase nulas.
Queixa
A jogadora reclama de que só tem obtido informações da CBDA por meio de Olga Pinciroli, diretora de pólo aquático.
E que somente ficou sabendo da possibilidade de receber ajuda da confederação para sua defesa por meio da imprensa.
""Não entraram em contato comigo ainda. Quando há alguma novidade, é a dona Olga (Pinciroli) quem me avisa."
Enquanto aguarda a sentença, Raddi permanece treinando com o grupo que disputa em março o Sul-Americano.
Segundo a CBDA, a diretora de pólo aquático ficou encarregada de assistir à atleta.
Temendo o reflexos negativos que o doping de Raddi e de outros três atletas podem ter sobre a natação, a entidade prepara uma campanha de esclarecimento junto aos atletas.
Serão distribuídos folhetos e cartazes com informações sobre as substâncias dopantes, os riscos a que os atletas se submetem e as punições. (JOSÉ ALAN DIAS)


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.