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OLIMPÍADA
Competição mais esperada de Nagano exibe novo confronto entre patinadoras norte-americanas
Duelo no gelo
RÉGIS ANDAKU
Editor-assistente interino de Esporte
Criada em 1924 como ""filha desprezada" dos Jogos Olímpicos e
ignorada até recentemente, a
Olimpíada de Inverno atingiu o
sucesso. E o motivo é que o evento
ganhou cara de competição.
Antes aclamada como palco de
uma disputa longínqua e secundária, ela tem agora ares de grandes
duelos e rivalidade exacerbada.
Como exemplo, duas americanas que saíram dos rinques de patinação para a fama: Nancy Kerringan e Tonya Harding.
Há quatro anos, antes da Olimpíada de Lillehammer (Noruega),
o marido de Harding liderou um
atentado contra as pernas de Kerrigan. Com uma barra de ferro,
Jeff Gillooly agrediu os joelhos da
patinadora artística.
A trama foi descoberta, os culpados foram punidos, Kerrigan foi à
Noruega, e 110 milhões de americanos a viram, pela TV, perder o
ouro para a ucraniana Oksana
Baiul, colocando a patinação artística na lista dos dez programas
mais vistos no mundo na ocasião.
Hoje, começa a disputa nos rinques de Nagano a competição
mais aguardada desta Olimpíada.
E, sem Kerringan (28, em casa,
com o marido e o filho) nem Harding (27, suspensa pelo resto da
vida e separada do marido agressor), duas outras norte-americanas são as protagonistas.
Michelle Kwan, 17, e Tara Lipinski, 15, não chegaram às vias de
fato, mas, inimigas não declaradas, pouco se esforçam para dirimir as constantes insinuações de
que têm ódio uma pela outra.
Velocidade máxima
Lipinski e Kwan se evitam. A última, campeã mundial em 96 e
atual campeã norte-americana,
não foi à cerimônia de abertura
em Nagano. Lipinski, hoje campeã
mundial e campeã americana da
última temporada, foi.
""Não fui porque estava na companhia de pessoas bastante agradáveis em casa", disse Kwan.
O primeiro encontro em Nagano
só ocorreu, por força da necessidade, quando ambas foram testar
o rinque que abrigará a disputa.
E nem isso foi amistoso. Uma
hora, quando Kwan descansava,
Lipinski foi em sua direção em alta
velocidade. No momento em que
cerca de cem jornalistas e fotógrafos registrariam o choque, Lipinski, a cerca de dois metros e meio
da rival, desviou. Assustada, Kwan
deu um passo para trás.
Guerra verbal
Enquanto Lipinski usa seu lado
mais ""moleque" para provocar
Kwan, esta prefere as declarações.
""Não sei até quando ela vai competir, mas, enquanto competir, estarei lá. Acho que seremos rivais,
espécie de inimigas, por pelo menos 25 anos", disse certa vez.
A frase mais famosa foi proferida pouco antes do torneio nacional de 97, em Nashville: ""A única
que pode me derrotar sou eu".
Dias depois, Kwan completou
com imperfeição uma pirueta e
perdeu para Lipinski.
Fala a mais jovem: ""Não sei por
que me relacionam tanto assim
com ela. Tirando o fato de que ambas querem ser a melhor, não há
nada em comum".
Rebate Kwan: ""Só paro quando
não houver nenhuma dúvida de
que eu sou a melhor".
Por conta dessa rivalidade, a Federação Americana de Patinação
fechou contrato de US$ 100 milhões com a rede de TV ABC, que
exibirá os duelos por dez anos.
Com agências internacionais
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