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Governo contraria COB e traça metas
Principal mecenas do esporte no país, ministério espera que o país fique entre o 16º e o 20º lugar nos Jogos de Pequim
Avesso a projeções, comitê diz que "o mais importante
é dar suporte à evolução técnica" e, de novo, nega-se a citar número de medalhas
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério do Esporte,
principal mecenas do esporte
nacional, produziu um programa de metas para as três próximas Olimpíadas, a começar por
Pequim, em agosto. A iniciativa
da pasta, responsável pelas leis
Piva e de incentivo fiscal e por
projetos como o Bolsa-Atleta, é
um choque contra uma tradição do Comitê Olímpico Brasileiro: não realizar projeções.
As metas são produto de um
inédito Plano Nacional de Desenvolvimento do Esporte,
projeto de longo prazo desenhado pelo ministério, que engloba rendimento, inclusão social, infra-estrutura e desenvolvimento institucional, com
previsão de ações intercaladas.
Segundo o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., para a
edição deste ano dos Jogos, a
expectativa da pasta é que a delegação brasileira, que em Atenas obteve a 16ª colocação, melhore a posição na classificação.
""Em Pequim, os efeitos da
política pública de esporte, que
engloba leis, o programa Bolsa-Atleta e patrocínios estatais,
como o da Petrobras via lei de
incentivo, já poderão, espero,
ser sentidos", afirma Silva Jr.
O documento produzido pela
Secretaria Nacional de Alto
Rendimento do ministério é
menos exigente. Prevê em Pequim o país do 16º ao 20º lugar,
igualando o posto de Atenas-2004 ou aproximando-se dele.
Para Londres-12, a idéia é o
Brasil melhorar sua posição no
top 20, colocando-se entre o 11º
e o 15º lugar. O plano abrange
até os Jogos de 2016, quando a
previsão é que o país atinja a
décima colocação, a mesma do
Reino Unido na última edição
da Olimpíada, em Atenas.
Nos Jogos da Grécia, os britânicos conquistaram 9 ouros, 9
pratas e 11 bronzes. Ao ganhar 5
ouros, 2 pratas e 3 bronzes, o
Brasil obteve a 16ª posição.
O ministério, no entanto, admite que planejamento esportivo não é uma ciência exata.
""É a nossa expectativa. Mas
precisamos ver como a delegação brasileira se comporta em
Pequim", ressalva Silva Jr.
Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB, entidade que
centraliza o recebimento do dinheiro da Lei Piva e que decide
o quinhão da verba das loterias
que cada confederação esportiva terá direito anualmente, não
faz previsões sobre medalhas.
O COB, via assessoria, diz
que ""o mais importante [para o
comitê] é dar suporte à evolução técnica e ao aumento qualitativo da participação brasileira [nos Jogos], independente
do número de medalhas". Sobre a projeção da pasta, alega
desconhecer "critérios, argumentações e projeção do ministério para realizar análise".
Antes de definir metas a longo prazo, o ministério estudou
o desempenho do Brasil nas diferentes edições dos Jogos.
""No papel, queremos que o
país se consolide como top 20
em Pequim. Planejamos cinco
ouros e posição entre 16º e 20º.
Mas a posição pode até ser melhor, após anos de investimento consistente e considerável",
diz o secretário nacional de Alto Rendimento, Djan Madruga.
""Os repasses governamentais de 2001 a 2006 ao COB via
Lei Piva atingiram R$ 332 milhões. E ao Comitê Paraolímpico Brasileiro, R$ 59 milhões."
A exemplo do que fazem Cuba e países europeus, a médio e
longo prazo, a secretaria direcionará atenção especial a esportes que rendem amplo número de medalhas: lutas em geral, ciclismo, canoagem e remo.
Outros esportes, bastante badalados, também precisariam
de tratamento diferenciado.
""A natação não fez a transição da geração de prata para a
de ouro, coisa que o vôlei fez. E
o rico histórico do atletismo
não registra medalha de ouro
recentemente", diz Madruga.
Um outro ponto contemplado no projeto é o desenvolvimento científico e tecnológico.
""O Brasil precisa dar esse salto. Desenvolver a ciência do esporte e melhorar as praças esportivas", fala o secretário, ao
lembrar que atletas da luta greco-romana e do atletismo já fizeram uso do centro de treinamento em altitude, aberto neste ano em Itamonte (MG), numa parceria entre os governos
federal, estadual e municipal.
A estrutura, dizem os atletas
que a usaram, ainda é rústica.
Conta com pousada e academia, mas a idéia é ampliá-la.
""Centros de treinamento por
modalidade ou multidisciplinares são fundamentais. Não
cabe que a natação e a vela não
tenham CT. Em 2016, queremos um centro olímpico nacional", complementa Madruga.
Na questão tecnológica, a
pasta buscou subsídios no Instituto Australiano do Esporte e
já estuda como implantá-los.
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