São Paulo, quarta, 18 de março de 1998

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TJ mantém Mancha Verde extinta

da Reportagem Local

O Tribunal de Justiça de São Paulo manteve ontem a extinção da torcida organizada Mancha Verde, palmeirense.
Por três votos a zero, a 10ª Câmara de Direito Privado do TJ rejeitou ontem o recurso interposto pelos advogados da Mancha contra a decisão de uma juíza de primeira instância, proferida no dia 31 de maio de 1996.
O advogado da Mancha Verde Iberê Bandeira de Mello, 30, declarou que deverá recorrer dessa decisão ao Supremo Tribunal Federal, em Brasília.
A tese de Bandeira de Mello é que não existem provas de que a Mancha, como instituição, tenha promovido violência e que, portanto, o seu fechamento é uma agressão ao direito constitucional de associação.
Mas prevaleceu a tese do promotor de Justiça da Cidadania Fernando Capez de que a Mancha Verde estimulava a prática de atos violentos nos estádios de futebol e em seus arredores.
A Folha procurou Capez em seu escritório, mas não o encontrou para a comentar a decisão e recebeu a informação de que ele não voltaria para lá ontem.
Fernando Fagiani, presidente da Mancha Alviverde, organização criada para substituir a Mancha, disse ontem que a Mancha "foi um bode expiatório. São Paulo é uma cidade violenta. Não são só as torcidas." Fagiani disse que a nova torcida continua em atividade.
Briga
O fechamento da Mancha foi decorrência de uma briga de torcidas ocorrida em 20 de agosto de 1995.
Naquele dia, um domingo, as equipes de juniores de São Paulo e Palmeiras disputaram a final da Supercopa de Juniores. Após o gol que deu o título ao Palmeiras na morte súbita, torcedores palmeirenses invadiram o campo e passaram a provocar os são-paulinos. Estes logo invadiram o gramado, e houve uma briga generalizada que resultou na morte do torcedor Marcio Gasparin.
Nos dias seguintes, foram tomadas várias medidas contra as torcidas. A Federação Paulista de Futebol, com apoio da PM e do Ministério Público, proibiu a entrada nos estádios de bandeiras, faixas e camisetas alusivas a elas.
Capez, da área da defesa dos direitos do cidadão, entrou com ações para fechar as torcidas Independente (São Paulo) e Mancha Verde (Palmeiras), cujos diretores foram vistos no meio da briga.
Capez ganhou a causa na Mancha, mas não na Independente.
No ano passado, Capez obteve a proibição das atividades ligadas ao futebol da Gaviões da Fiel. Membros da torcida são suspeitos de estarem envolvidos na emboscada contra o ônibus do Corinthians na rodovia dos Imigrantes, após derrota para o Santos no ano passado.



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