São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 2005

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FUTEBOL

Novas cores

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O Fluminense virou espetacularmente no Maracanã, espantando a zebra de listras amarelas e pretas. Mas o verde Ipatinga surpreendeu o Cruzeiro no Mineirão. No Sul, o 15 de Novembro já havia tentado aguar a festa do Internacional por duas vezes. Perdeu de novo, mas chegou perto.
Ipatinga, Volta Redonda e 15 de Novembro não estão na Série A do Brasileiro, nem mesmo na Série B. O fato de terem chegado tão longe talvez diga muito sobre a nova ordem do futebol brasileiro.
O Ipatinga tem poucos anos de vida e é uma espécie de "filial do Cruzeiro", com 17 atletas pertencentes ao clube da capital, o que levou muita gente a temer uma "marmelada". Foi bonito ver o time negar em campo todos os prognósticos e desconfianças.
Poucas equipes entram no Brasileiro já montadas (até quando, não se sabe): São Paulo, Santos, quem mais?
Outras ainda estão em busca da melhor formação e padrão de jogo: Corinthians, Cruzeiro, Palmeiras, Atlético Paranaense, São Caetano e Fluminense. Estão a meio caminho, digamos.
Por fim, há outras (Atlético-MG, Flamengo, Botafogo-RJ) que precisam de reforços urgentes em praticamente todos os setores do campo. Dificilmente os terão a tempo.
Mas, como o campeonato é longo e na metade do ano alguns clubes se modificam radicalmente devido às negociações internacionais, é difícil definir desde já quais são os favoritos ao título.
Com base no que realizaram até agora no ano e nas potencialidades que têm para crescer, é provável que São Paulo, Santos e Corinthians façam boas campanhas e fiquem entre os primeiros. Daí a dizer que são favoritos vai uma distância muito grande.
Um desdobramento do caso Grafite-Desábato a ser acompanhado com atenção é o provável acirramento da rivalidade entre brasileiros e argentinos nos próximos tempos.
Penso, por exemplo, no jogo Argentina x Brasil, ou na atitude dos adversários do Corinthians diante dos argentinos do time, ou no tratamento que os argentinos dispensarão ao brasileiro (e negro) Baiano, do Boca Juniors.
Na Europa, a estupidez racista e xenófoba está cada vez pior. Anteontem a vítima foi o goleiro camaronês Carlos Kameni, do Espanyol, a quem os atleticanos de Madri jogaram uma banana.
Esperamos que aqui nos trópicos essa tendência seja invertida e haja avanços, não retrocessos.
Ainda quanto ao caso Desábato, recebi dezenas de e-mails, em sua maioria generosos e solidários, a propósito da coluna que publiquei no sábado. Como tive problemas com minha caixa postal, perdi algumas dessas mensagens antes de poder respondê-las.
Agradeço a participação de todos os leitores, incluindo os que criticaram, e peço desculpas a todos que porventura ficarem sem resposta.

Negócio inoportuno
Se o Ipatinga negou em campo todas as dúvidas que pudesse haver, foi chato saber que o goleiro Lugão e o zagueiro Schneider, do Volta Redonda, já haviam fechado acordo com o Fluminense antes da final, conforme declarou o procurador dos atletas. Pode ter sido mera coincidência a má atuação dos dois na partida de ontem, mas sempre haverá uma sombra sobre o caso.

Casa cheia
A torcida do Fluminense fez um lindo espetáculo ontem no Maracanã. O controvertido subsídio do governo estadual que permitiu a venda de ingressos a R$ 1 teve o mérito de encher o estádio em várias ocasiões. E com estádio cheio o futebol é muito mais bonito, qualquer que seja o placar.

E-mail jgcouto@uol.com.br

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