São Paulo, domingo, 18 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

JUCA KFOURI

Santos, quase 18, quase maduro


OK, fica melhor assim. O Santos ainda não é campeão, pelo menos para quem exige todas as formalidades

O BOM JORNALISMO não deve fazer apostas. Nem afirmar, como se fez aqui na segunda- -feira passada, que o Santos já é campeão paulista pela 18ª vez, porque mero palpite. Palpite com quase 100% de chances de acertar, embora meus companheiros da ESPN Brasil o tenham atribuído ao estado febril em que me encontrava no último domingo, graça a uma gripe que me tirou de circulação por 48 horas.
Tão febril que, aqui, troquei Durval por Dutra, confusão até aceitável, pois ambos zagueiros, ambos ex--jogadores do Sport transferidos para o Santos. Mas confusão, ou melhor, erro, merecedor da correção que faço neste momento.
Do mesmo modo, já na terça-feira, meus companheiros da CBN olharam para mim como se eu, ainda rouco, estivesse também louco.
Tudo porque vaticinei que o narrador do jogo entre Santos e Guarani deveria se preparar para narrar oito ou nove gols. E, de fato, outra vez, errei. Porque supus que os oito ou nove gols seriam do Santos. E não foram, no 8 a 1.
Ora, é claro que o São Paulo pode ganhar por dois gols de diferença hoje em plena (sim, porque o estádio estará cheio, condição para que se use o plena, coisa que a maioria não sabe...) Vila Belmiro.
Pode mesmo, embora eu duvide, pois avalio que não só não vencerá nem por dois nem por um gol, como nem empatará.
E que se cuide para não ser goleado, desde que o meninos do Santos estejam curados da síndrome do vacilo, do relaxamento, única dor de cabeça de Dorival Júnior, o bom bedel que deu liberdade para o futebol fluir como havia muito tempo não se via nos gramados do Brasil.
Acaciano dizer que, além do tricolor, o Santo André ou, quem sabe, o Grêmio Prudente também podem derrotar o Santos nas finais, caso o Santos perca por um gol, empate, vença ou goleie o São Paulo.
Sim, no futebol tudo é possível e não é por outra razão que virou o esporte mais popular do mundo.
E é também por isso que um jornalista, por mais experiente que seja, manda as formalidades às favas e sai de seus cuidados, entusiasmado por ver o futebol jogado como sonham todos os que um dia por ele se apaixonaram.
Nenhuma pretensão, portanto, em ser adivinho ou em colher frutos por ter sido o primeiro isso ou aquilo, porque o 18º título estadual do Santos é de uma obviedade tamanha que só quem vaticinar o contrário, e acertar, poderá desfrutar da efêmera glória do acerto.
E, pior, terá errado contra o futebol, terá feito o papel do estraga-prazeres, daquele chato que pergunta "eu não disse?", "eu não disse que na hora agá eles tremeriam?".
Em resumo: o novo Santos está por um triz de algo ainda mais importante do que ser campeão, isto é, está em vias de ganhar o título, o 18º, que lhe conferirá a maturidade e o preparará para ganhar sua primeira Copa do Brasil, como o velho Santos um dia ganhou não uma, mas cinco Taças Brasil em seguida.
Porque duvidar desse time pode não ser tão arriscado como cravar uma conquista que ainda não veio. Mas é prova de um pragmatismo tão burro como gostar do futebol do, até agora, melhor colocado na Libertadores, o Corinthians.

blogdojuca@uol.com.br


Texto Anterior: Espanhol: Real joga para prosseguir na luta pelo título
Próximo Texto: Um craque improvável
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.