São Paulo, domingo, 18 de abril de 2010

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Vaga passa pelas mãos de Júlio Cesar

Goleiro do Santo André, mistura de Rogério e Marcos, tenta garantir time em inédita final de Estadual

RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Santo André está a um passo e, provavelmente, a uma ou duas defesas de Júlio Cesar, 32, de confirmar sua primeira participação na história de uma final de Campeonato Paulista.
A vantagem sobre o Grêmio Prudente já foi ampliada na partida de ida, semana passada, quando o time do ABC bateu o adversário fora de casa por 2 a 1.
Hoje, o goleiro festejará a vaga inédita na decisão mesmo que seja vazado uma vez. O Prudente só avança com vitória por dois gols de diferença.
"É um momento mágico na minha carreira", analisou o arqueiro, cuja trajetória confunde-se com o período mais afortunado do clube andreense.
Foi Júlio Cesar quem fechou a meta da equipe na Copa do Brasil de 2004, o título mais importante do Santo André. No ano seguinte, ele pôde disputar a tão desejada Libertadores.
"Não vou descansar enquanto não encerrar a carreira. O Paulista seria muito importante para mim", falou ele enquanto recebia o carinho de cinco garotos que foram ao estádio Bruno Daniel anteontem para acompanhar o treino do time.
Perguntar ao goleiro se ele sente-se realizado profissionalmente mesmo nunca tendo atuado em um grande clube não o ofende, mas faz Júlio Cesar sorrir discretamente.
"É difícil para um goleiro. Geralmente, ele já é formado na base. De repente, se eu fosse mais novo, poderia chegar lá", explicou, sem perder a calma.
Além do Santo André, o atleta só defendeu Juventus, Marília e São Caetano, fora o PSTC, clube que o formou em Londrina (PR) -onde nasceu-, ao lado do são-paulino Dagoberto e do rubro-negro Kleberson.
A esta altura da carreira, o camisa 1 não espera mais por uma proposta. Causa muito mais expectativa nele uma defesa espetacular, como a realizada no último lance do jogo de ida. Uma cabeçada de Robson que ele tirou quase de dentro do gol.
"Todo goleiro sonha com um lance daqueles", declarou, enquanto se recordava da jogada em Presidente Prudente. "Foi puro instinto. Só deu tempo de pular em direção à bola."
Quem convive com o jogador garante que Júlio Cesar é uma mistura do são-paulino Rogério, pela sua dedicação ao trabalho, e do palmeirense Marcos, pelo jeito brincalhão com os colegas. A primeira fama ele próprio confirma. "Sempre peço uma cópia do DVD sobre o adversário, que a comissão técnica passa na preleção, para assistir sozinho no quarto. Analiso, dou pausa, volto", disse. Quantas vezes? "Quantas forem necessárias até eu achar que decorei toda a jogada."
A segunda característica fica explícita no tradicional "rachão" dos jogadores. Corre a lenda no clube de que o time de Júlio Cesar não perde da equipe do técnico Sérgio Soares há um bom tempo e que o goleiro faz questão de infernizar os companheiros a todo momento por conta da tal invencibilidade. "Ah, isso é mentira! Ele ganhou o último, mas está equilibrado", defendeu-se Soares.


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