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ATLETISMO
Erro no arredondamento do tempo faz norte-americano Gatlin agora dividir a marca com o jamaicano Powell
Cronômetro muda o recorde dos 100 m
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
O norte-americano Justin Gatlin, 24, não pode mais se conclamar o homem mais rápido do
mundo. Ontem, a Iaaf (entidade
que rege o atletismo mundial)
anunciou que houve um erro na
cronometragem da prova em que
ele cravou 9s76 na distância, na
última sexta-feira, no Qatar.
Após revisarem o procedimento, os técnicos da Iaaf apontaram
que o tempo correto marcado por
Gatlin é 9s77, o que apenas iguala
a marca anterior, do jamaicano
Asafa Powell. Agora, os dois dividem o melhor desempenho na
prova mais nobre do atletismo.
O problema foi no arredondamento da marca de Gatlin. Na
prova de Doha, o tempo cravado
pelo campeão olímpico foi 9s766.
"A regra de arredondamento da
Iaaf não foi aplicada de forma correta. A Tissot Timing lamenta o
ocorrido e se desculpa pelo incidente inédito", atestou uma nota
oficial da empresa suíça encarregada da cronometragem.
Pelo regulamento do atletismo,
os seis milésimos que Gatlin gastou além dos 9s76 justificam o arredondamento da marca para
9s77, o que não foi feito no Qatar
por falha humana.
"Estamos muito desapontados
por Justin, mas pensamos que ele
tem todo o talento para fazer o recorde novamente em breve. É melhor ter um resultado honesto",
declarou o porta-voz da Iaaf, Nick
Davies, que comparou a marca de
Gatlin à de Powell.
Segundo ele, os especialistas da
Iaaf checaram os arquivos e constataram que o jamaicano também
correu a distância "em 9s76 e alguma coisa" quando fez o recorde, em junho do ano passado, em
Atenas. "É 9s77. Estamos convencidos de que ambos correram por
volta do mesmo tempo."
Davies explicou que a Iaaf não
considera os milésimos por acreditar que os equipamentos de cronometragem ainda não têm a precisão necessária para detectar essa
fração de segundos, uma vez que,
no atletismo, a velocidade do vento e as condições da pista também
pesam. "A regra é clara. Estamos
presos aos centésimos."
Gatlin não se manifestou publicamente sobre o caso. Seu agente,
Renaldo Nehemiah, declarou que
o episódio servirá de incentivo
para o velocista tentar quebrar o
recorde novamente.
O atletismo não é o único esporte olímpico que se atém aos centésimos -há também a natação,
que já precisou de semifinais "tira-teima", para desempatar atletas com tempos idênticos.
Há disputas, contudo, que consideram até décimos de milésimos de segundo. Ontem, durante
boa parte das sessões de treino para as 500 milhas de Indianápolis, a
diferença entre o brasileiro Hélio
Castro Neves e o norte-americano
Sam Hornish era de 0s0004 a favor do brasileiro, que acabou o
dia em segundo lugar, atrás do
companheiro da equipe Penske.
Especialistas, entretanto, apontam como uma jogada de marketing da IRL -que costuma exaltar a competitividade de seu campeonato- considerar os décimos
de milésimos de segundo, por tratar-se de uma fração tão ínfima e
abstrata que não poderia ser levada em conta para determinar
quem foi mais rápido.
Com agências internacionais
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