São Paulo, domingo, 18 de maio de 2008

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JUCA KFOURI

Um novo Ricardo Teixeira?


Há quem acredite, entre gente de bem, que o presidente da CBF está em busca de moldar uma nova imagem

RICARDO TEIXEIRA está livre. Livre, leve e solto.
Nada mais atemoriza o cartola, nada mais o prende a ninguém ou a coisa alguma, a não ser a obsessão em construir uma fama positiva, da qual sabe não gozar desde que as CPIs devassaram sua vida e seus métodos de maneira impiedosa.
Mas isso, imagina, passou.
Doeu, deixou marcas, seqüelas, humilhações, mas, graças, também, à Justiça brasileira que tarda, falha e faz política, saiu ileso.
Hoje, com a vida feita, é um dos mais influentes homens do país, senhor da Copa de 2014, com mandato até 2015, bajulado por governadores, ministros e assim assim com o popularíssimo presidente Lula.
Nem da Rede Globo ele tem mais medo. Nenhum medo.
Ao contrário, faz questão de contrariá-la na teoria e na prática.
Na teoria, quando diz que, por ele, numa canetada, mudava o calendário do futebol brasileiro para adequá-lo ao calendário mundial, com o que a Globo Esporte não concorda por pura picuinha.
Na prática, ao não abrir mão de manter o Campeonato Brasileiro em pontos corridos.
Teixeira pode não ser brilhante, mas de burro não tem nada.
E aprendeu, com o célebre "Globo Repórter" que repercutiu as CPIs, que não deve botar todas as suas maçãs na mesma cesta e até hoje cobra o que considerou uma desfeita, além de fazer questão de mostrar uma certa independência, algo que se tornou ainda mais perceptível com o reforço da Copa no Brasil.
Hoje, ele sabe, todos sabem, que a TV depende mais dele do que ele depende da TV. Nada que o leve a romper numa revanche que não teria mesmo sentido, mas, ao menos, tudo que lhe permita uma relação, digamos, de igual para igual.
Espaço conquistado, trata-se agora de reformar a imagem. Profissionais especializados para tanto existem por aí e o reflexo do trabalho deles é notável, na postura menos tensa e fechada, nas entrevistas mais freqüentes à imprensa, mas, principalmente, nas idéias mais contemporâneas, ao menos, no discurso.
Como no caso da adequação do calendário. Ou quando diz que quer fazer uma Copa do Brasil no Brasil, e não a Copa da Alemanha no Brasil, coisa que você já deve ter lido ou ouvido de gente que não é exatamente simpática à figura dele...
É isso. Como se estivesse vivendo uma espécie de Síndrome de Estocolmo, aquela que faz o seqüestrado se apaixonar pelo seqüestrador, Teixeira, aos poucos, adota as opiniões de seus críticos mais ácidos, até porque sabe, e em seu íntimo sempre soube, que são as idéias corretas, aliás, óbvias.
E não é que alguns desses críticos já começam a acenar com seus apoios, baseados na velha máxima que ensina que quem deve brigar são as idéias, não os homens?
Dia desses, por exemplo, o diário "Lance!", um marcador implacável, fez editorial de primeira página para apoiar sua declaração sobre o calendário. E olhe que Teixeira processa o dono do diário que trouxe, ainda, na coluna de José Luís Portella, outra clara manifestação de apoio ao que identificou como novas posturas do dirigente.
Oxalá! Mas, ainda, São Tomé.

blogdojuca@uol.com.br


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