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São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2003

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TÊNIS

O menino e o homem

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Tarik Benhabiles é um sujeito sorridente, simpático, mas durão. Aprendeu a ser duro, rígido e disciplinado no Exército. Além de dar duro como todo recruta, era responsável por cortar o cabelo dos camaradas militares.
O estilo de Tarik serviu como uma luva para um garoto jovem que estava meio perdido, procurando, com o apoio dos pais, um caminho no circuito profissional.
Ele conseguiu garimpar um talento, trabalhar uma cabeça ainda em formação, moldar um jogo, dar estilo e levar Andy Roddick do amadorismo ao top ten.
Dos 16 aos 20 anos, talvez a fase mais complicada para qualquer garoto comum, não só para um garoto-tenista, Tarik fez da relação um sucesso, sem deixar que o tal garoto se deslumbrasse, esmorecesse ou se perdesse pelas perdições ou simplesmente o caminho.
"Tarik me guiou desde pequeno, me tirando dos rankings mais baixos até o meu nível atual de jogo. Ele foi o meu mentor dentro e fora da quadra", disse Andy, ao anunciar que a parceria havia terminado. "Ele é um cara perfeito, mas, agora, já não tem mais muita coisa que ele pode fazer lá das arquibancadas quando estou me afundando em quadra."
Jovem, novo, mas com a sabedoria e a experiência de um veterano, Andy optou por dar fim ao relacionamento técnico e afetivo que mantinha com Tarik e trocou por algo novo, que não se sabe ainda o que é, com Brad Gilbert.
Impossível, obviamente, cravar desde já o sucesso ou o fracasso de um atleta em sua carreira. No primeiro torneio em que apareceu com Brad, derrubou Andre Agassi na grama e arrebatou o título do prestigioso Queens Clube. Mas o que impede Andy de cair já na primeira rodada em Wimbledon?
Mais do que ficar de olho em seu desempenho e seus resultados nestas próximas semanas, vale a pena ficar de olho em seu comportamento. Afinal, não é comum um jovem tenista despedir-se de seu "pai" para experimentar o novo e o incerto ao lado de outro "homem".
Cada vez mais os tenistas começam a perceber isso: lidar com um técnico deixou de ser viver uma relação paternalista ou puramente comercial. Como muita coisa na vida hoje, é uma questão de sobrevivência profissional.
 
Nem só Andy Roddick se mexeu recentemente. Lleyton Hewitt, o melhor das últimas duas temporadas, trocou há pouco Jason Stoltenberg por Roger Lasheed. Depois de 18 meses, o invocadinho percebeu que não deu certo. Em time que está ganhando também se mexe.
Magnus Norman, que já lutou pela liderança do ranking e, depois de uma cirurgia delicada, tenta voltar ao topo, separou-se de Fredrik Rosengren, com quem estava havia cinco anos.
Mark Philippousis, que também busca uma recuperação em sua carreira, terminou a fase de sua carreira ao lado de Peter McNamara. Até por aqui vimos alguém se mexendo: Flávio Saretta, em sua melhor fase, se afastando de João Zwetsch.
E agora? Quem é o próximo? Alguém se habilita?

Entre os garotos
Felipe Fingerl, Carolina Olmo, Luiz Grangeiro, Fernanda Hermenegildo, Gabriela Vieira, Rafael Garcia, Lucas Gobbi e Lívia Blasque ganharam a terceira etapa do Grand Slam infanto-juvenil. Florianópolis recebe a quarta etapa da Credicard MasterCard Juniors Cup.

Entre os veteranos
Mais de 270 tenistas, de 30 a 80 anos, disputam nesta semana o Campeonato Brasileiro de vets, em Porto Seguro. Os jogos vão até sábado.

Entre os cadeirantes
Maurício Pommê, Zilmar Pires, Adalberto Rodrigues e Sergio Gatto voltam do Mundial de tênis em cadeira de rodas em um honroso 15º lugar, o melhor do país. Pommê deve ficar entre os 80 melhores.

E-mail reandaku@uol.com.br


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