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TÊNIS
O menino e o homem
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Tarik Benhabiles é um sujeito sorridente, simpático, mas
durão. Aprendeu a ser duro, rígido e disciplinado no Exército.
Além de dar duro como todo recruta, era responsável por cortar o
cabelo dos camaradas militares.
O estilo de Tarik serviu como
uma luva para um garoto jovem
que estava meio perdido, procurando, com o apoio dos pais, um
caminho no circuito profissional.
Ele conseguiu garimpar um talento, trabalhar uma cabeça ainda em formação, moldar um jogo, dar estilo e levar Andy Roddick
do amadorismo ao top ten.
Dos 16 aos 20 anos, talvez a fase
mais complicada para qualquer
garoto comum, não só para um
garoto-tenista, Tarik fez da relação um sucesso, sem deixar que o
tal garoto se deslumbrasse, esmorecesse ou se perdesse pelas perdições ou simplesmente o caminho.
"Tarik me guiou desde pequeno, me tirando dos rankings mais
baixos até o meu nível atual de jogo. Ele foi o meu mentor dentro e
fora da quadra", disse Andy, ao
anunciar que a parceria havia
terminado. "Ele é um cara perfeito, mas, agora, já não tem mais
muita coisa que ele pode fazer lá
das arquibancadas quando estou
me afundando em quadra."
Jovem, novo, mas com a sabedoria e a experiência de um veterano, Andy optou por dar fim ao relacionamento técnico e afetivo
que mantinha com Tarik e trocou
por algo novo, que não se sabe
ainda o que é, com Brad Gilbert.
Impossível, obviamente, cravar
desde já o sucesso ou o fracasso de
um atleta em sua carreira. No primeiro torneio em que apareceu
com Brad, derrubou Andre Agassi na grama e arrebatou o título
do prestigioso Queens Clube. Mas
o que impede Andy de cair já na
primeira rodada em Wimbledon?
Mais do que ficar de olho em
seu desempenho e seus resultados
nestas próximas semanas, vale a
pena ficar de olho em seu comportamento. Afinal, não é comum
um jovem tenista despedir-se de
seu "pai" para experimentar o
novo e o incerto ao lado de outro "homem".
Cada vez mais os tenistas começam a perceber isso: lidar com um
técnico deixou de ser viver uma relação paternalista ou puramente comercial. Como muita coisa na vida hoje, é uma questão de
sobrevivência profissional.
Nem só Andy Roddick se mexeu
recentemente. Lleyton Hewitt, o
melhor das últimas duas temporadas, trocou há pouco Jason Stoltenberg por Roger Lasheed. Depois de 18 meses, o invocadinho
percebeu que não deu certo. Em
time que está ganhando também se mexe.
Magnus Norman, que já lutou
pela liderança do ranking e, depois de uma cirurgia delicada,
tenta voltar ao topo, separou-se
de Fredrik Rosengren, com quem
estava havia cinco anos.
Mark Philippousis, que também
busca uma recuperação em sua
carreira, terminou a fase de sua
carreira ao lado de Peter McNamara. Até por aqui vimos alguém
se mexendo: Flávio Saretta, em
sua melhor fase, se afastando de
João Zwetsch.
E agora? Quem é o próximo? Alguém se habilita?
Entre os garotos
Felipe Fingerl, Carolina Olmo, Luiz Grangeiro, Fernanda Hermenegildo, Gabriela Vieira, Rafael Garcia, Lucas Gobbi e Lívia Blasque ganharam a terceira etapa do Grand Slam infanto-juvenil. Florianópolis recebe a quarta etapa da Credicard MasterCard Juniors Cup.
Entre os veteranos
Mais de 270 tenistas, de 30 a 80 anos, disputam nesta semana o Campeonato Brasileiro de vets, em Porto Seguro. Os jogos vão até sábado.
Entre os cadeirantes
Maurício Pommê, Zilmar Pires, Adalberto Rodrigues e Sergio Gatto
voltam do Mundial de tênis em cadeira de rodas em um honroso 15º
lugar, o melhor do país. Pommê deve ficar entre os 80 melhores.
E-mail reandaku@uol.com.br
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