|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Scolari e Figo viabilizam feito
Gols após jogadas do capitão levam Portugal a seu primeiro mata-mata de Mundial em 40 anos
Resultado amplia o recorde de vitórias consecutivas de um treinador em Copas do Mundo, com técnico gaúcho somando nove desde 2002
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A FRANKFURT
A pergunta de um jornalista
português a Luiz Felipe Scolari,
após Portugal 2 x 0 Irã, não deixou a mais leve dúvida sobre
quem é considerado o responsável pela classificação de Portugal à fase de mata-mata, pela
primeira vez em 40 anos: o jornalista citou os recordes sucessivos de Scolari à frente de Portugal (45 jogos, maior número
de vitórias, mais partidas sem
perder, para não falar na classificação após quatro décadas).
Sim, o técnico campeão do
mundo com o Brasil em 2002
constituiu nova "família", a
portuguesa, e agora emociona-se com ela, a ponto de ter atravessado, lágrimas nos olhos, todo o gramado do estádio de
Frankfurt, quando seus jogadores já desciam para o balneário
(como os portugueses chamam
o vestiário), para saudar na tribuna oposta uma fatia especial
de sua torcida: sua mulher, filhos e a família de seu auxiliar,
Flávio Teixeira, o Murtosa, e o
preparador físico, Darlan
Schneider, todos brasileiros.
Antes do jogo, o aplauso caloroso da "família portuguesa" a
Scolari quando o rosto do gaúcho apareceu no telão do estádio não deixava dúvidas sobre o
peso do técnico em uma seleção que mostrou ontem a consistência usual nos times de
Scolari e só não goleou porque
sua pontaria foi muito ruim.
De todo modo, o Irã só conseguiu uma vez chutar uma bola
na direção do gol de Ricardo,
contra dez de Portugal, evidência estatística de uma superioridade abissal.
Mas Portugal poderia ser
castigado pela má pontaria, não
fosse o outro fator, fora Scolari,
que marca a sua equipe-2006: o
talento fora de série de pelo
menos dois jogadores, o também brasileiro Deco e o português Luís Figo.
Figo deu o passe para o belíssimo gol de Deco aos 19min do
segundo tempo, um bate-pronto pouco antes da entrada da
área que lhe valeu o troféu de
melhor em campo. Figo sofreu
o pênalti que Cristiano Ronaldo converteria aos 35min, sempre no segundo tempo.
O gol devolveu o sorriso de
menino ao rosto do jogador do
Manchester United, que vinha
atormentado por problemas
musculares e a pressão de ter
que fazer "gato e sapato", como
disse anteontem Scolari. Foi o
prêmio de consolação para o
empenho de Cristiano Ronaldo, disparadamente o que mais
chutou a gol (sete, quatro no arco), mas que não conseguia fechar as jogadas que começava
com classe e dribles bonitos.
De recorde em recorde (é
também o treinador com mais
vitórias consecutivas em Mundiais, nove), Scolari e o próprio
Deco já começam a sonhar
mais alto. O meia acha que "não
há nenhuma seleção acima da
média", o que significa que, no
mata-mata, Portugal "pode
perder ou ganhar" de seleções
teoricamente mais fortes.
Parece obviedade (afinal, ganhar e perder é sempre possível), mas quer dizer o seguinte:
uma seleção que chegou à Alemanha como, na melhor das hipóteses, a 12ª ou 13ª, como diz
Scolari, agora pode sonhar em
ganhar de qualquer uma das
"cinco ou seis sempre apontadas como muito boas, se não estiverem bem no mata-mata",
calcula o técnico.
Não é sonhar pouco se se
considerar que o adversário de
Portugal, dependendo da classificação final dos dois grupos,
pode ser a Argentina, que mereceu do jornal esportivo francês "L'Équipe" o título de "sublime" na manchete de ontem.
Ou, então, a Holanda.
Scolari festejou também o fato de Portugal ter feito a sua
melhor partida entre as sete ou
oito últimas de preparação para o Mundial. Mais: comemora
a paulatina recuperação de jogadores tidos como titulares
mas que não vinham fisicamente bem (o próprio Deco,
Costinha, Cristiano Ronaldo).
Texto Anterior: Foco: Família Klinsmann vende doces em forma de atleta em padaria de Stuttgart Próximo Texto: Frase Índice
|