São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2008

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TOSTÃO

Duas seleções com problemas

Brasil e Argentina estão com vários problemas e piores que as principais seleções que disputam a Eurocopa

ASSIM COMO aconteceu com a Colômbia e com o Uruguai (mesmo no Morumbi), o Paraguai, no período em que teve 11 jogadores, marcou por pressão, tomou a bola com facilidade e dominou o jogo. Os três volantes, Diego e os laterais não conseguiram sair da marcação.
Não foi surpresa.
Toda equipe que marca por pressão é mais vibrante e ofensiva, mesmo quando joga fora de casa. Se a partida é em casa, essa pressão entusiasma a torcida, que estimula os atletas a correrem e pressionarem ainda mais. Cria-se um forte laço afetivo e de união entre os jogadores e torcedores. Foi o que fez o Sport contra o Corinthians, o Paraguai contra o Brasil e tantos outros exemplos.
Além de treinos de cruzamentos e de bolas paradas -os técnicos só pensam nisso-, um time bem treinado precisa fazer e sair bem de uma marcação por pressão, enfrentar bem uma retranca e, ao mesmo tempo, se preparar para o contragolpe, saber jogar com um atleta a mais ou a menos, atuar recuado para contra-atacar e tantas outras situações que podem acontecer em uma partida.
Dunga e outros técnicos dirão que não há tempo para treinar. Mas existe tempo para treinos recreativos, para treinos de dois toques na metade do campo e com jogadores fora de posição, para longos treinos coletivos e para outros treinos que não são inúteis, mas que não são prioritários.
É preciso também saber ensinar e orientar. Uma boa conversa vale, às vezes, muito mais que mil treinamentos.
Antes do jogo contra o Paraguai, Dunga e alguns comentaristas ficaram entusiasmados com o time após a entrada de Gilberto Silva no lugar de Anderson. Técnico que precisa de treinos coletivos para escalar a equipe não sabe o que quer. Por isso, mestre Didi disse que "treino é treino". Ele não quis diminuir a importância de treinar.
É importante ter pelo menos três jogadores que marcam no meio-de-campo, sejam chamados de volantes ou não, e desde que dois deles avancem também com talento.
Além disso, Josué e Mineiro jogavam bem no São Paulo porque marcavam por pressão e tomavam a bola no campo do adversário. Foi o que os volantes do Paraguai fizeram contra o Brasil.
A Argentina possui também várias deficiências. O goleiro e os dois zagueiros são piores que os do Brasil. Os laterais ou alas apóiam pouco, e não há atacantes pelos lados. Messi, que faz isso muito bem no Barcelona, tem atuado pelo meio, onde é mais fácil de ser marcado.
Como Messi volta muito atrás para receber a bola, e Riquelme é um armador, Aguero fica isolado na frente.
A festa está pronta.
Não é correta a informação de que 57 mil ingressos foram colocados à venda nas bilheterias. Parte desses bilhetes foi vendida e/ou distribuída para empresas, federações, políticos, celebridades e convidados.
Enquanto isso, milhares de torcedores não conseguiram comprar ingressos para o jogo. São também muito caros.
O torcedor da partida de hoje não é o que vai com freqüência aos estádios torcer por seus clubes.
O mesmo vai acontecer na Copa de 2014.


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