|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Prancheta do PVC
PAULO VINICIUS COELHO pvc@uol.com.br
O craque da Copa
O RELÓGIO marcava 18min
do segundo tempo, o jogo
não tinha cara de goleada, e
uma das bolas rebatidas pela defesa sul-coreana veio
alta, na direção do banco de
reservas da Argentina. Maradona arregalou os olhos,
levantou o pé esquerdo e dominou a bola de letra.
Deu saudade. Por um instante, Maradona foi o craque da Copa. O Mundial só
ganhou um jeito mais jovem
quando a Coreia do Sul imaginou poder empatar a partida, cujo placar de 2 a 1 evidenciava a falta de espaço
para os craques latinos.
Então a Argentina passou a ter o contra-ataque, e
Messi diminuiu a importância da letra com que Diego
encantou o Soccer City.
O jogo entre Argentina e
Coreia do Sul mostrou que
esta Copa se faz sem a bola:
quanto mais tempo se passa trocando passes contra
defesas ultrafechadas, menor a chance de gol.
No primeiro tempo, a Argentina teve 62% da posse
de bola, índice inferior apenas ao do Brasil, contra a
Coreia do Norte, e ao da Espanha, contra a Suíça.
O resultado da troca de
passes era um time opaco.
Messi teve um único lance
genial, já aos 43min, quando saiu da marcação de
Jung-woo, enfileirou três zagueiros e tocou por cobertura. A bola raspou a trave.
De resto, o primeiro tempo argentino foi apenas bola parada. Pecado mortal
sul-coreano cometer 12 faltas em 32 minutos. Em duas
cobranças, dois gols sofridos. O espetáculo argentino
só se deu quando houve
contra-ataque, no segundo
tempo, quando sua posse
de bola caiu para 56%. Menos bola, mais show!
Maradona mostrou pela
segunda vez ao técnico coreano Huh Jung-moo como
o jogo flui quando se tem espaço. Jung-moo foi seu marcador na Copa-86. Caçou-o.
Em seu livro "Yo Soy El Diego de la Gente", Maradona
diz: "Me caçava o número
17. Não lembro seu nome. Só
de chamá-lo "Kung Fu'"."
O CRAQUE MESMO
Higuaín foi eleito pela Fifa o melhor em campo, mas o craque foi Messi. À parte a facilidade de Maradona de dominar a bola de sapato, Messi se destacou nos dois jogos. Pode ser o melhor da Copa.
CÚPULA FRANCESA
Os três franceses apelidados de senadores convenceram Raymond Domenech a barrar o meia Gourcuff. Em seu lugar, Ribéry passou a fazer a função de armador.
Texto Anterior: Tostão: Bem-vindos os gols Próximo Texto: Após críticas de Deco, treinador português cancela folga do time Índice
|