São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2010

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Itália testa nervos de seu novo goleiro

Jogador do pequeno Cagliari e com poucas partidas pela Azzurra, substituto de Buffon diz estar tranquilo

FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A CENTURION

Com a contusão do titular Gianluigi Buffon, fora da Copa pelo menos nos próximos dois jogos, caberá ao novato Federico Marchetti defender o gol da Itália contra a Nova Zelândia, no domingo.
Mas, como provou sua entrevista coletiva ontem, primeiro Marchetti terá de defender a si mesmo da desconfiança generalizada de seus compatriotas.
Tímido, com 27 anos e apenas cinco partidas pela Azzurra, o goleiro que até o ano passado pertencia ao Albino Leffe, equipe da segunda divisão, ocupará a vaga de um ídolo recente do futebol italiano. Buffon se recupera de uma hérnia de disco.
Marchetti entrou no segundo tempo do jogo contra o Paraguai, quando a Itália perdia de 1 a 0, e não comprometeu. Mas as dúvidas em relação a ele persistem.
"Confio em mim, tenho meu valor e conto com a confiança de meus companheiros. Se estou nesse grupo, significa que tenho qualidade", afirmou o goleiro, que defende o modesto Cagliari.
Marchetti fala baixo e a todo tempo faz referências a Buffon, ou "Gigi", como se utilizasse a imagem do ídolo como apoio. "Gigi confia em mim", disse. "Ele é uma referência, um modelo. É completo em tudo, senão não seria o número 1 do mundo."
Seu estilo é diferente, no entanto. "Gigi é um goleiro mais reflexivo, de velocidade. Eu sou mais muscular, explosivo. Uso a força."
Um jornalista italiano diz estranhar a aparente calma do substituto, dadas as circunstâncias. Pergunta se não seria melhor estar um pouco mais tenso. "Melhor é fazer as defesas", respondeu Marchetti, de bate-pronto.
Até o patriotismo do novato é colocado em questão. Marchetti vem do Veneto, uma região no norte da Itália com forte movimento separatista. A Liga Norte sonha criar um novo país, a Padânia.
Prudente, ele se escusa de falar sobre política, dizendo que "não é o caso no momento". "Mas eu sempre estive do lado da Itália", assegura.
Marchetti não esconde que pretende usar a vitrine em que estará exposto para conseguir migrar para um time mais forte. Fala que seria uma honra jogar na Juventus de Turim, por exemplo. "Estar aqui é uma oportunidade única. Jogar é ainda melhor."
Em um aspecto ele se nivela aos outros goleiros: quando se une ao coro contra a Jabulani, a nova bola do Mundial. "A trajetória é imprevisível. É uma bola difícil, como me explicou Gigi", diz.


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