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Itália testa nervos de seu novo goleiro
Jogador do pequeno Cagliari e com poucas partidas pela Azzurra, substituto de Buffon diz estar tranquilo
FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A CENTURION
Com a contusão do titular
Gianluigi Buffon, fora da Copa pelo menos nos próximos
dois jogos, caberá ao novato
Federico Marchetti defender
o gol da Itália contra a Nova
Zelândia, no domingo.
Mas, como provou sua entrevista coletiva ontem, primeiro Marchetti terá de defender a si mesmo da desconfiança generalizada de seus
compatriotas.
Tímido, com 27 anos e apenas cinco partidas pela Azzurra, o goleiro que até o ano
passado pertencia ao Albino
Leffe, equipe da segunda divisão, ocupará a vaga de um
ídolo recente do futebol italiano. Buffon se recupera de
uma hérnia de disco.
Marchetti entrou no segundo tempo do jogo contra
o Paraguai, quando a Itália
perdia de 1 a 0, e não comprometeu. Mas as dúvidas em relação a ele persistem.
"Confio em mim, tenho
meu valor e conto com a confiança de meus companheiros. Se estou nesse grupo,
significa que tenho qualidade", afirmou o goleiro, que
defende o modesto Cagliari.
Marchetti fala baixo e a todo tempo faz referências a
Buffon, ou "Gigi", como se
utilizasse a imagem do ídolo
como apoio. "Gigi confia em
mim", disse. "Ele é uma referência, um modelo. É completo em tudo, senão não seria o número 1 do mundo."
Seu estilo é diferente, no
entanto. "Gigi é um goleiro
mais reflexivo, de velocidade. Eu sou mais muscular,
explosivo. Uso a força."
Um jornalista italiano diz
estranhar a aparente calma
do substituto, dadas as circunstâncias. Pergunta se não
seria melhor estar um pouco
mais tenso. "Melhor é fazer
as defesas", respondeu Marchetti, de bate-pronto.
Até o patriotismo do novato é colocado em questão.
Marchetti vem do Veneto,
uma região no norte da Itália
com forte movimento separatista. A Liga Norte sonha criar
um novo país, a Padânia.
Prudente, ele se escusa de
falar sobre política, dizendo
que "não é o caso no momento". "Mas eu sempre estive do
lado da Itália", assegura.
Marchetti não esconde
que pretende usar a vitrine
em que estará exposto para
conseguir migrar para um time mais forte. Fala que seria
uma honra jogar na Juventus
de Turim, por exemplo. "Estar aqui é uma oportunidade
única. Jogar é ainda melhor."
Em um aspecto ele se nivela aos outros goleiros: quando se une ao coro contra a Jabulani, a nova bola do Mundial. "A trajetória é imprevisível. É uma bola difícil, como
me explicou Gigi", diz.
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