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Sem fronteiras
Mundial sub-17, que começa hoje, mostra seleções
transnacionais, e países criam mecanismos para
impedir a debandada de seus futuros craques
RAFAEL REIS
DE SÃO PAULO
O craque da Alemanha
tem sangue turco, o capitão
inglês vem de Serra Leoa, a
seleção francesa é dominada
por africanos, um filho de um
suíço com uma japonesa joga
pelos Estados Unidos.
O Mundial sub-17, que começa hoje, no México, mostra que o futebol do futuro
tende a ser mais aberto para
seleções transnacionais e
multirraciais do que o atual.
A tendência de globalização já pôde ser vista na última Copa do Mundo. Cerca de
10% dos jogadores que estiveram na África do Sul jogaram por países diferentes do
lugar onde nasceram.
Reflexo de uma sociedade
com fronteiras menos rígidas, a presença de imigrantes e descendentes de estrangeiros cria um efeito duplo
nas seleções de base.
Ao mesmo tempo em que
dá diversidade de características físicas aos times, aumenta o risco de formar atletas que joguem por outros
países como profissionais.
Um jogador que defendeu
um país na base pode atuar
por outro quando adulto, já
que, para a Fifa, só assume
sua cidadania definitiva ao
estrear na seleção principal.
Por isso, cartolas da federação francesa cogitaram limitar em 30% a presença de
atletas de origem africana
nos centros de formação do
país. A medida causou uma
crise na entidade. O técnico
Laurent Blanc quase caiu. No
fim, as penas para os dirigentes acabaram brandas.
A França, que estreia hoje
contra a Argentina, mostra o
quanto os "Azuis" são dependentes dos imigrantes.
Entre seus 21 inscritos, há 14
atletas negros ou árabes.
Ou seja, o país corre risco
de sofrer com a debandada
de várias de suas promessas.
Risco que a Suíça aceitou
correr para ganhar pela primeira vez um título mundial.
O time campeão sub-17 há
dois anos possuía 13 jogadores com dupla cidadania.
Desta vez, o Canadá têm
atletas nascidos em sete países diferentes, e os Estados
Unidos possuem 12 nomes
com pais vindos de fora.
Para manter as promessas,
as seleções mostram casos de
sucesso. A Alemanha usa
Özil como exemplo para seus
oito atletas de origem turca.
Um deles, Samed Yesil, é
candidato a craque do Mundial. O jogador fez 11 gols em
nove partidas no Europeu.
Assim como a Alemanha,
a Inglaterra também tem um
"estrangeiro" como destaque. País que mais valoriza o
posto de capitão, entregou a
faixa para o zagueiro Nathaniel Chalobah, do Chelsea,
que nasceu em Serra Leoa,
uma antiga colônia inglesa.
NA TV
França x Argentina
17h Esporte Interativo
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