São Paulo, quarta-feira, 18 de julho de 2007

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Oscar lidera vaias a atletas estrangeiros

DOS ENVIADOS AO RIO

Silêncio no ginásio. Expectativa para o início da série do norte-americano Justin Spring, que podia tirar Diego Hypólito da liderança da final do solo. De repente, um grito se destaca na arquibancada. "Vai escorregar, vai cair!"
O autor é Oscar Schmidt, ex-jogador de basquete e agora animador da torcida brasileira -e "secador" dos estrangeiros.
Ele esteve em todas as competições de ginástica artística, gastando a voz para aplaudir brasileiros. E para apupar e atrapalhar os estrangeiros.
"Tem que vaiar o Estados Unidos", berrou o principal responsável pela primeira derrota de um time americano em seu país, no Pan de 1987.
A recomendação dele contrariava o sistema de som, que pedia aplausos a todos os ginastas, independentemente do país. Diego Hypólito, quando mostrado no telão no momento das vaias ao americano, aplaudiu. Após os ouros, disse que vaias e ginástica não combinam.
Outros atletas e até o pai de Jade Barbosa comentaram que manifestações assim atrapalham a competição.
Laís Souza também reprovou a atitude do ex-jogador. "A ginástica é diferente, compete um de cada vez e torcemos para as rivais." O técnico da seleção, Renato Araújo, também deu um puxão de orelha na torcida brasileira, não apenas em Oscar. "Quero fazer uma crítica positiva. Só não gostei desse negócio de vaiar o adversário."
Atletas dos EUA não eram o único alvo de Oscar. O chileno Enrique Gonzalez Sepulveda foi brindado com gritos de "Vai cair, Chile". Momentos antes das rivais de Jade Barbosa e Daniele Hypólito se arriscarem na trave, Oscar urrava. Ele vibrou com tropeços rivais, comemorou com assobios quando Justin Spring, dos EUA, quase caiu.
"Torcer neste Pan está ótimo", falou à Folha. Ele explicou que, diferentemente dos outros dias, ontem estava no box da TV Globo e com camisa da empresa para ficar mais perto do centro do ginásio. "Não sou comentarista." Nos outros dias, estava "à paisana".
Apesar da postura de Oscar, não houve reclamações por parte dos americanos. "Gosto de competições com clima quente", afirmou Spring.
A supervisora das seleções brasileiras, Eliane Martins, ressalvou que os brasileiros tiveram de fazer um esforço extra para se concentrarem.
Oscar não parecia se importar e encerrou a breve entrevista com a frase: "Mas você está me atrapalhando... Tenho que torcer contra as meninas [estrangeiras] agora." (LF E RM)


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