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Oscar lidera vaias a atletas estrangeiros
DOS ENVIADOS AO RIO
Silêncio no ginásio. Expectativa para o início da série do
norte-americano Justin
Spring, que podia tirar Diego
Hypólito da liderança da final
do solo. De repente, um grito se
destaca na arquibancada. "Vai
escorregar, vai cair!"
O autor é Oscar Schmidt, ex-jogador de basquete e agora
animador da torcida brasileira
-e "secador" dos estrangeiros.
Ele esteve em todas as competições de ginástica artística,
gastando a voz para aplaudir
brasileiros. E para apupar e
atrapalhar os estrangeiros.
"Tem que vaiar o Estados
Unidos", berrou o principal
responsável pela primeira derrota de um time americano em
seu país, no Pan de 1987.
A recomendação dele contrariava o sistema de som, que pedia aplausos a todos os ginastas,
independentemente do país.
Diego Hypólito, quando mostrado no telão no momento das
vaias ao americano, aplaudiu.
Após os ouros, disse que vaias e
ginástica não combinam.
Outros atletas e até o pai de
Jade Barbosa comentaram que
manifestações assim atrapalham a competição.
Laís Souza também reprovou
a atitude do ex-jogador. "A ginástica é diferente, compete
um de cada vez e torcemos para
as rivais." O técnico da seleção,
Renato Araújo, também deu
um puxão de orelha na torcida
brasileira, não apenas em Oscar. "Quero fazer uma crítica
positiva. Só não gostei desse
negócio de vaiar o adversário."
Atletas dos EUA não eram o
único alvo de Oscar. O chileno
Enrique Gonzalez Sepulveda
foi brindado com gritos de "Vai
cair, Chile". Momentos antes
das rivais de Jade Barbosa e Daniele Hypólito se arriscarem na
trave, Oscar urrava. Ele vibrou
com tropeços rivais, comemorou com assobios quando Justin Spring, dos EUA, quase caiu.
"Torcer neste Pan está ótimo", falou à Folha. Ele explicou que, diferentemente dos
outros dias, ontem estava no
box da TV Globo e com camisa
da empresa para ficar mais perto do centro do ginásio. "Não
sou comentarista." Nos outros
dias, estava "à paisana".
Apesar da postura de Oscar,
não houve reclamações por
parte dos americanos. "Gosto
de competições com clima
quente", afirmou Spring.
A supervisora das seleções
brasileiras, Eliane Martins,
ressalvou que os brasileiros tiveram de fazer um esforço extra para se concentrarem.
Oscar não parecia se importar e encerrou a breve entrevista com a frase: "Mas você está
me atrapalhando... Tenho que
torcer contra as meninas [estrangeiras] agora."
(LF E RM)
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