|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Dois sem
Locutor se antecipa, anuncia prata do Brasil no dois sem timoneiro e acaba atrapalhando dupla, que alivia e termina com a medalha de bronze
MÁRVIO DOS ANJOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
No primeiro dia de finais do
remo, tinha mesmo que haver
emoção, após muitas provas
que não eliminavam ninguém,
pouco público e barcos que se
poupavam para a repescagem
quando o vencedor se definia.
O que ninguém imaginava é
que um pouco mais de emoção
fosse atrapalhar. A empolgação
de um locutor foi a explicação
para a perda da medalha de
prata na disputa dos brasileiros
do dois sem (dois remadores,
cada um com um remo longo).
Foi a justificativa de Allan
Bittencourt e Anderson Nocetti nas entrevistas após a regata
em que obtiveram um bronze
na lagoa Rodrigo de Freitas.
"Paramos um pouco antes,
talvez desse para brigar pela
prata. Nos atrapalhamos um
pouco com o narrador", declarou o gaúcho Bittencourt, 28.
O barco brasileiro brigava
com o dos Estados Unidos pela
prata nos 500 m finais do percurso de 2 km, enquanto o Canadá, de Dan Casaca e Christopher Jarvis, liderava de longe.
No sistema de som, quando a
briga se encaminhou ao final, o
Brasil estava à frente. O Estádio
de Remo se inflamou.
Foi quando o locutor Sérgio
Nogueira afirmou que o Brasil
havia cruzado em segundo. Depois, sem nomear o terceiro,
corrigiu, anunciando que a definição da segunda colocação
dependeria do "photofinish".
Segundos depois, o placar
mostrou que, por 27 centésimos de segundo, a prata ficara
com os americanos Daniel
Beerry e Patrick O'Dunne. Ao
ver o resultado, o público continuou vibrando, mas os brasileiros baixaram as cabeças.
Conformado com a situação,
Bittencourt tentou minimizar
a influência externa e fez o mea
culpa. "A responsabilidade do
que acontece lá dentro da água
é nossa", declarou, acrescentando que as condições de vento forte no final da raia também
dificultaram a tarefa.
Mas Nocetti reforçou a posição da dupla de que os alto-falantes criaram o problema.
"Solicitamos depois que o locutor parasse, porque estava
narrando tudo errado", disse o
catarinense, 33, que tinha planos bem específicos para a prova da manhã de ontem.
O dois sem foi adotado por
Nocetti para o Pan, em decisão
feita há sete meses. Bittencourt, campeão sul-americano,
estava sem parceiro, num dos
barcos mais tradicionais do remo nacional. Foi nele que o país
obteve seu último ouro na modalidade em Pans, em Indianápolis, em 87, com Ronaldo e Ricardo Carvalho. E foi nele que o
especialista em single skiff viu
chance de vitória, pois Marcelus Marcili era o nome que disputaria sua prova no Rio.
"Nunca tinha remado o dois
sem na vida. Aí o parceiro do
Allan parou de remar, e nós sabíamos que, para o ouro, era só
enfrentar EUA e Canadá, já que
os remadores da América do
Sul eram mais fracos. Havia
chance de vencer", declarou
Nocetti, que no Pré-Olímpico
sul-americano voltará a disputar seu single skiff original. A
disputa será de novo no Rio.
Foi o segundo bronze de Nocetti em Pans. Em Santo Domingo, ele foi terceiro no quádruplo skiff, ao lado de Bittencourt, e uma prata no double
skiff. Os dois voltarão a ser vistos na lagoa amanhã, na final do
oito com timoneiro.
Hoje as finais recomeçam, às
9h, e dois barcos brasileiros cairão na água. Camila Carvalho e
Luciana Granato tentam a primeira medalha do remo feminino nacional em Pans no double skiff (duas remadoras, cada
uma com dois remos) peso leve.
No quatro sem masculino, é a
vez de Renan Castro, Leandro
Tozzo, Gibran Cunha e Alexandre Ribas tentarem a sorte.
Texto Anterior: Futebol: Time feminino busca 3ª goleada hoje Próximo Texto: [+]Histórico: Marcelus leva primeira medalha brasileira no single skiff Índice
|