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Judoca diz ser mais útil com projeto na Rocinha
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Flávio Canto relacionou a conquista do bronze com o projeto
social que mantém nas favelas da
Rocinha (zona sul do Rio) e de Cidade de Deus (zona oeste).
"Espero que a medalha ajude a
fortalecer o projeto, a trazer essas
pessoas de volta à sociedade", disse Canto. "Acho que sou mais útil
à sociedade fazendo esse trabalho.
Vivemos em um país pobre."
Cerca de 600 meninos e meninas das duas comunidades praticam judô e jiu-jitsu sem pagar nada, graças a um projeto idealizado
pelo judoca. O trabalho assistencial de Canto começou há três
anos na Rocinha, considerada a
maior favela carioca, com cerca
de 57 mil habitantes, de acordo
com o Censo 2000 do IBGE.
O próprio Canto, às quartas, dá
aulas na favela, onde o projeto
atende a cerca de 150 crianças e
adolescentes, de 4 a 18 anos.
A ligação do judoca com a Rocinha vem desde 2001. Ele dava aulas de judô na Universidade Gama
Filho, que organizara um projeto
esportivo de atendimento a crianças e adolescentes em comunidades pobres. Voluntário, Canto seguiu dando aulas na Rocinha
quando a universidade deixou o
projeto. No início de 2003, fundou
a organização não-governamental Instituto Reação, que logo conseguiu o apoio da prefeitura.
As aulas, em um prédio em
frente à Rocinha, também são dadas pelo judoca Eduardo Soares, o
Duda, por um professor de jiu-jitsu e por um monitor da comunidade, escolhido entre alunos que
se destacaram.
Diretor-geral do Instituto Reação, Canto conseguiu, também
em 2003, estender o projeto até a
favela de Cidade de Deus, onde o
veterano treinador de judô Geraldo Bernardes já mantinha um trabalho semelhante ao desenvolvido na Rocinha. O projeto na Cidade de Deus atende a 450 crianças.
Nas duas favelas, a condição para que a criança e o adolescente tenham aulas de judô é que estejam
matriculados em escolas.
Embora a proposta seja a de
atender menores de 18 anos, os
alunos que chegam à maioridade
não são dispensados. Eles continuam praticando o esporte e convivendo com os demais alunos.
Colaboraram Adalberto Leister Filho
e Edgard Alves, enviados a Atenas
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