São Paulo, sexta-feira, 18 de agosto de 2006

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Brasil tenta ressurgir no mais difícil dos Mundiais

Time masculino, que estréia contra a Austrália, usará pela 1ª vez atletas da NBA

Torneio mais globalizado do basquete amplia número de de seleção de 16 para 24 e registra o maior número de estrangeiros na prancheta


Kazuhiro Nogi/France Presse
Marcelinho tenta cesta marcado por seus companheiros de seleção em treino para o Mundial


ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil inicia, na madrugada de amanhã, sua participação no mais difícil, internacionalizado e competitivo Mundial masculino de basquete da história.
A seleção brasileira, que pela primeira vez terá jogadores da NBA em uma competição desse nível, pega a Austrália à 1h30.
"O país não vem obtendo bons resultados internacionais. Mas o Mundial do Japão será uma boa chance", declara o técnico Lula, do Brasil, oitavo colocado no Mundial-02 e ausente das duas últimas Olimpíadas.
O país não chega às semifinais do Mundial desde 1986 e há 28 anos não leva medalha -foi bronze nas Filipinas-78.
Pela primeira vez, o evento terá 24 países na disputa -em Indianápolis-02 eram só 16.
E, mesmo eliminadas em suas seletivas, os fortes times de Sérvia e Montenegro, campeã mundial, Itália, Turquia e Porto Rico estão na disputa graças a convites da Federação Internacional de Basquete.
Ao contrário do que acontece na Olimpíada, na qual há apenas 12 vagas, praticamente ninguém ficou de fora do Mundial.
"Os melhores, com algumas exceções, estarão aqui e querem vencer. Definitivamente, um Mundial com 24 equipes é bem mais difícil", atesta Carlo Recalcati, treinador da Itália, prata nos Jogos de Atenas-04.
Não bastasse isso, cerca de 40 atletas de 14 seleções atuam na NBA. O Brasil terá dois representantes da mais badalada liga de basquete do planeta: Leandrinho (Phoenix) e Anderson Varejão (Cleveland).
A Austrália, rival da estréia, um: Andrew Bogut, 21, do Milwaukee, primeira escolha do "draft" (loteria de calouros) de 2005. "Podemos enfrentar qualquer um", gaba-se Brian Goorjian, técnico da seleção.
Goorjian, que nasceu nos EUA, é espelho de uma nova realidade no basquete internacional: a globalização das pranchetas. Nove das 24 seleções (37,5% do total) contam com treinadores estrangeiros.
Em Indianápolis, há quatro anos, havia só três técnicos -todos norte-americanos- na mesma situação (18,75%).
O mercado não é mais restrito aos inventores do basquete. Há lituano dirigindo a China, sérvio no banco japonês e argentino treinando o Panamá.
Há quem veja desvio de conduta no fenômeno. "Desde que existem times nacionais, acho que o treinador também deve ser daquele país", opina Dirk Bauermann, técnico da Alemanha, que conta com nigeriano e norte-americano no elenco.
Segundo o site da Fiba, há estrangeiros atuando em 14 times. Alguns são resultado do bagunçado mapa-múndi dos últimos anos, como bósnios e croatas em Sérvia e Montenegro. A Nigéria, porém, exagera ao chamar nove americanos.
A Austrália é reforçada por outro, o armador C.J. Bruton.
Não bastasse isso, o Brasil integra a chave mais complicada. A seleção terá que enfrentar, além de Austrália, Grécia, campeã européia, Lituânia, Turquia e Qatar. Apenas o país do Oriente Médio é figurante.
Os quatro primeiros dos grupos vão às oitavas-de-final, disputadas em mata-matas até a decisão. "É preciso usar de 10 a 12 jogadores por partida. O time não pode quebrar no meio do campeonato", analisa Lula.
Foi o que ocorreu em Indianápolis-02, quando o Brasil venceu os quatro primeiros jogos e perdeu os cinco seguintes.

NA TV - Brasil x Austrália
ESPN Brasil e Sportv, ao vivo, à 1h30


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