São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2008

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GUERRA FRIA

EUA

SÉRGIO DÁVILA

Veja que maravilha

É IMPOSSÍVEL narrar eventos com mais de duas horas na TV e manter a inteligência, seja qual for o evento, seja qual for a TV.
Essa é a conclusão a que esse telespectador chegou depois de assistir às quatro horas de cerimônia de abertura e outras disputas intermináveis da Olimpíada, exibida aqui pela NBC.
Não é um telespectador qualquer. Ele foi vacinado no Carnaval carioca, em madrugadas insones, ao som de bravos narradores, que tentavam ao mesmo tempo descrever o significado do carro alegórico "Saci- Pererê encanta Iracema na Corte de Luís 15" e manter acordados os que estavam em casa e a eles próprios, depois da entrada da enésima ala da enésima escola de samba.
Foi com alívio, então, que vi o Âncora Matt Lauer, o jornalista Esportivo BobCostas e o analista de assuntos chineses Joshua Cooper Ramo duelarem ao esgrimir frases como "essa pode e deve ser uma das Olimpíadas mais polêmicas dos últimos anos,mas veja que maravilha!".
Era o equivalente gringo do nosso "repare a leveza do mestre- sala, um dos membros mais queridos da comunidade!". Desde então, devo dizer que a internet vem dando um banho na cobertura. Primeiro, porque você vê o que quer na hora que escolhe-naTV,mesmo os gravadores digitais deixam janelas muito extensas quando se programa um jogo específico. Depois porque a maior parte dos narradores está aqui ao lado, em Nova York, num estúdio emprestado pelo programa "Saturday Night Live", e não em Pequim, como pode acreditar o telespectador mais desavisado ou menos atento.
Por fim, uma suspeita chata empanou o trio de jornalistas da cerimônia da abertura: discute- se se sabiam ou não sobre os "auxílios" visuais digitais usados pelo cineasta Zhang Yimou e não revelados ao telespectador.
Se sabiam e ficaram quietos, colaboraram na encenação. Se não sabiam, tomaram gol no meio das pernas...

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