São Paulo, quarta-feira, 18 de agosto de 2010

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Tiago mostra juventude "perdida" em Cingapura

Por futuro profissional, tenista brasileiro encara solidão e escola por CD

MARIANA BASTOS
ENVIADA ESPECIAL A CINGAPURA

Solidão. Com apenas 17 anos, o tenista brasileiro Tiago Fernandes conhece bem o significado da palavra.
"O tênis é um esporte bastante solitário e você tem que ser muito forte de cabeça. Você entra na quadra sozinho. Não é futebol, em que você tem dez para ajudar. Se você está mal, você está mal. Nem o técnico pode falar, senão toma advertência", afirma o atual detentor do título juvenil do Aberto da Austrália.
O tênis lhe impõe solidão não só dentro de quadra. Impõe também distância da família e uma vida quase monástica se comparada à de adolescentes de sua idade.
Ele passa cerca de 20 das 52 semanas de um ano viajando para competir.
Antes de chegar aos Jogos da Juventude de Cingapura (para atletas de 14 a 18 anos), Tiago já estava na Ásia havia duas semanas, participando de torneios na China e Uzbequistão para somar pontos no ranking da ATP e se tornar, enfim, um profissional.
Ele é o quarto colocado no ranking juvenil e o 650º no da ATP. Já subiu quase 300 posições desde o início do ano. "Desde os 15 anos, viajo muito. Estou passando por uma fase importante, fazendo torneios profissionais e juniores", diz o tenista, que é treinado por Larri Passos, ex--técnico de Gustavo Kuerten.
"O Larri dá uma força. A ausência da família é complicada, mas eu me acostumei. Falo no Skype, por webcam, e aí você sente que faz parte do dia a dia", comenta.
Com tanto tempo dedicado ao esporte, sobra pouco para o estudo. Aluno do 3º ano do ensino médio, Tiago tem que contar com a ajuda de seu colégio para cumprir, aos trancos, o ano letivo.
"O colégio grava as aulas em CD para me entregar. Mas tem que se esforçar. Não adianta eu voltar de viagem e achar que vou passar só com trabalho. Faço menos provas que os outros alunos. São seis provas para eles e para mim, normalmente, são três ou quatro", relata Tiago.
Ele pretende encerrar o ensino médio neste ano para se dedicar exclusivamente aos torneios profissionais. "O plano A da minha vida é ser profissional do tênis. Esses próximos dois anos são bastante importantes. Vamos ver. Se não der certo, faço um vestibular, passo na faculdade com 20 anos e não vai ter problema", conclui ele.


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