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Tiago mostra juventude "perdida" em Cingapura
Por futuro profissional, tenista brasileiro encara solidão e escola por CD
MARIANA BASTOS
ENVIADA ESPECIAL A CINGAPURA
Solidão. Com apenas 17
anos, o tenista brasileiro Tiago Fernandes conhece bem o
significado da palavra.
"O tênis é um esporte bastante solitário e você tem que
ser muito forte de cabeça. Você entra na quadra sozinho.
Não é futebol, em que você
tem dez para ajudar. Se você
está mal, você está mal. Nem
o técnico pode falar, senão
toma advertência", afirma o
atual detentor do título juvenil do Aberto da Austrália.
O tênis lhe impõe solidão
não só dentro de quadra. Impõe também distância da família e uma vida quase monástica se comparada à de
adolescentes de sua idade.
Ele passa cerca de 20 das
52 semanas de um ano viajando para competir.
Antes de chegar aos Jogos
da Juventude de Cingapura
(para atletas de 14 a 18 anos),
Tiago já estava na Ásia havia
duas semanas, participando
de torneios na China e Uzbequistão para somar pontos
no ranking da ATP e se tornar, enfim, um profissional.
Ele é o quarto colocado no
ranking juvenil e o 650º no
da ATP. Já subiu quase 300
posições desde o início do
ano. "Desde os 15 anos, viajo
muito. Estou passando por
uma fase importante, fazendo torneios profissionais e juniores", diz o tenista, que é
treinado por Larri Passos, ex--técnico de Gustavo Kuerten.
"O Larri dá uma força. A
ausência da família é complicada, mas eu me acostumei.
Falo no Skype, por webcam,
e aí você sente que faz parte
do dia a dia", comenta.
Com tanto tempo dedicado ao esporte, sobra pouco
para o estudo. Aluno do 3º
ano do ensino médio, Tiago
tem que contar com a ajuda
de seu colégio para cumprir,
aos trancos, o ano letivo.
"O colégio grava as aulas
em CD para me entregar. Mas
tem que se esforçar. Não
adianta eu voltar de viagem e
achar que vou passar só com
trabalho. Faço menos provas
que os outros alunos. São
seis provas para eles e para
mim, normalmente, são três
ou quatro", relata Tiago.
Ele pretende encerrar o ensino médio neste ano para se
dedicar exclusivamente aos
torneios profissionais. "O
plano A da minha vida é ser
profissional do tênis. Esses
próximos dois anos são bastante importantes. Vamos
ver. Se não der certo, faço um
vestibular, passo na faculdade com 20 anos e não vai ter
problema", conclui ele.
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