DA ENVIADA A CINGAPURA

Poucos brasileiros estão credenciados como fotógrafos nos Jogos da Juventude. Entre eles, um senhor de barba grisalha, camisa do Brasil, colete e câmera pendurada no pescoço chama a atenção.
Hilton Marchioro conseguiu driblar o rigoroso processo de credenciamento conduzido pelo Comitê Olímpico Internacional para poder acompanhar de perto sua filha Alessandra nadando do outro lado do mundo.
Ele obteve a credencial dizendo que iria cobrir a competição por um colégio curitibano. E partiu para Cingapura sem sua filha saber. Alessandra havia deixado claro que não o queria ali. Mas ele apareceu de surpresa.
"Quando eu o vi, minha reação foi: "Putz, ele não me ouviu".", disse Alessandra, 17. "Mas comecei a mudar de opinião sobre a presença dos pais em competições. A saudade da família acaba pesando. Já estou há um mês longe de casa." Antes de chegar a Cingapura, Alessandra passou por treinos na Espanha e fez aclimatação em Dubai.
Com a credencial, Hilton tem acesso privilegiado às áreas de competição e pode ficar mais perto da filha. Enquanto Alessandra disputava ontem a final dos 100 m livre, o pai estava ao lado de cinegrafistas, em área restrita.
"Não filmo só as provas dela. Filmo todos os nadadores brasileiros e apresento aos técnicos, que usam as imagens para fazer as avaliações", comenta Hilton, que é administrador de empresa.
Tida pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos como o grande nome de sua geração, Alessandra perdeu a prova. Terminou em quinto, um dia após ter sido quarta na final dos 50 m peito. Saiu frustrada e foi consolada pelo pai.
"Independentemente do resultado, sei que ele vai me apoiar. É bom ele estar aqui. Estou falando do fundo do meu coração", disse a atleta.
Hoje, a partir das 22h, Alessandra retorna à piscina para buscar sua última chance de medalha individual, nos 50 m livre. De novo, na mira das lentes do pai. (MB)


Texto Anterior: Campeão pena para conseguir patrocinador
Próximo Texto: Africanos nadam em piscina pela 1ª vez
Índice