|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Estádio corintiano vira garantia para pagamento de dívida trabalhista
Em ação de Luizão, Justiça penhora Parque São Jorge
RICARDO PERRONE
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Corinthians teve o Parque
São Jorge penhorado provisoriamente por causa de uma ação trabalhista movida desde o ano passado pelo atacante Luizão, hoje no
Hertha Berlim (Alemanha).
No último dia 4, a penhora do
local onde ficam o estádio e a sede
do clube foi determinada na 12ª
Vara do Tribunal Regional do
Trabalho de São Paulo.
Em março de 2002, o juiz Glener
Pimenta Stroppa determinou que
o Corinthians pagasse R$ 5 milhões ao jogador, relativos a salários e direitos de imagem atrasados. O clube recorreu da decisão,
por isso a penhora é provisória.
"O caso deve durar pelo menos
mais uns dois anos. Se o Corinthians perder e não pagar, o Parque São Jorge vai a leilão", afirmou Gislaine Nunes, advogada
do ex-atacante corintiano.
Segundo ela, o valor venal do
bem penhorado está avaliado em
R$ 16 milhões e a quantia a que
Luizão tem direito, corrigida, já
chega a R$ 6 milhões.
Ela afirmou que o Parque São
Jorge foi o único bem apresentado pelo clube para penhora.
Apesar de ter dado ganho de
causa a Luizão, a Justiça do Trabalho considerou o direito de imagem como "salário camuflado" e
apontou sonegação fiscal do Corinthians e do próprio jogador.
"Nós não temos problemas com
a Receita Federal, quem tem é o
Corinthians. Parece até que ela
[Receita] penhorou uma parte do
Parque São Jorge", declarou Gislaine. Segundo ela, o valor devido
é de cerca de R$ 500 mil.
Pela legislação brasileira, 27,5%
são descontados do rendimento
de pessoa física que ganha acima
de R$ 2.115,00, enquanto no contrato de imagem, firmado entre a
empresa do jogador (pessoa jurídica) e a Corinthians Licenciamentos, a taxa é de 15%.
Luizão ganhava R$ 40 mil pela
CLT e R$ 350 mil de direito de
imagem. O jogador e o clube vinham recolhendo a parte mais
significativa dos impostos sobre o
rendimento assinalado na carteira de trabalho (R$ 40 mil).
Além de ter concedido a tutela
antecipada para o jogador, o que
permitiu a ele se transferir para
outra equipe, a sentença condenou o clube a pagar os salários de
novembro, dezembro e janeiro
passados, 13º, férias proporcionais, FGTS e a indenização prevista no artigo 479 da CLT -referente a 50% do período de encerramento do contrato de trabalho.
Além de Luizão, o Corinthians,
que passa por crise financeira, deve direitos de imagem ao técnico
Geninho, ao lateral-direito Rogério e ao volante Vampeta. O volante Fabinho e o meia Renato,
que também têm contratos de direitos de imagem com o clube, dizem que não há atraso.
A reportagem da Folha não
conseguiu localizar ontem o advogado Marcelo Gomara, que representa o Corinthians na ação,
nem a direção do clube.
Texto Anterior: O que ver na TV Próximo Texto: Vampeta terá de cobrar "bichos" Índice
|