São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 2006

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São Paulo chuta crise com olé no Inter

Time se reconcilia com torcida ao vencer time que lhe deixou em maus lençóis desde derrota na final da Libertadores

São Paulo 2
Internacional 0

Bruno Miranda/Folha Imagem
O técnico Muricy Ramalho reclama de marcação da arbitragem, que advertiu Rogério após a expulsão do zagueiro Alex Silva


RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Há um mês, o São Paulo perdeu a final da Libertadores da América para o Internacional, o que desencadeou queda de rendimento do time e pressão sobre o treinador Muricy Ramalho. Diante do mesmo adversário, ontem, o técnico mudou o esquema tático, obteve a vitória e deu passo importante para ganhar o Brasileiro.
Ameaçado no cargo, Muricy arriscou: deixou de lado o sistema vitorioso desde o final de 2004. Preteriu o 3-5-2, utilizado tanto por ele quanto por seus antecessores Emerson Leão e Paulo Autuori, em nome do tradicional 4-4-2.
"Do jeito que o Internacional joga, não ganhamos com o outro esquema. Tinha que fazer algo", explicou o treinador são-paulino. "Eles enchem de caras no meio-de-campo."
Com o resultado, o time paulista abriu quatro pontos de vantagem no Nacional sobre o vice-líder Grêmio, 46 pontos contra 42. Com um jogo a menos, tem seis pontos à frente do Inter, que também tem uma partida por jogar.
O novo posicionamento permitiu que o São Paulo se mantivesse forte mesmo com um atleta a menos desde os 10min do segundo tempo. Assim, redimiu-se do empate com o Corinthians, em que teve dois a mais na maior parte do clássico.
Ontem, conseguiu 150 desarmes contra 144 do Inter.
Foi a reconciliação com a torcida, que gritou "olé" no final, depois de vários jogos hostilizando Muricy pelas alterações.
Mesmo com apenas dois zagueiros, o São Paulo usou as laterais do campo como principal arma no ataque desde o início. Auxiliados pelos laterais Ilsinho e Júnior, os atacantes Thiago e Alex Dias abriam nas pontas para tentar cruzamentos para Danilo e Lenílson.
"Disse a eles que deveriam atuar como laterais, que um teria de ficar quando o outro saísse", contou Muricy sobre as atuações de Ilsinho e Júnior.
E foi assim que os são-paulinos abriram o placar. Aos 8min, Thiago cruzou na área para Lenílson desviar para o gol, livre de marcação da zaga.
Mas o São Paulo passou a dar campo para os colorados, que assumiram o controle do jogo, a partir dos 20min. No primeiro tempo, houve equilíbrio nas finalizações, com sete são-paulinas contra cinco dos gaúchos.
O São Paulo parecia ter recuperado o ímpeto inicial no segundo tempo até a expulsão do zagueiro Alex Silva, que recebeu o segundo cartão amarelo depois de uma entrada no meio-de-campo.
O time recebeu seis cartões, e fez o dobro de faltas do que os gaúchos - 24 contra 12.
A expulsão mudou o jogo e a formação dos dois times. Mas, ao contrário de outros jogos, Muricy acertou nas substituições. Contrariando a torcida, abriu mão de seus dois atacantes para reforçar a marcação com o volante Ramalho e o zagueiro Edcarlos -manteve apenas Lenílson na frente.
Do lado do Inter, os atacantes Rentería e Luís Adriano entraram para pressionar o rival.
O time gaúcho até finalizou mais a gol do que o paulista, mas sem competência. Ao final, acertou só duas das conclusões no jogo. Já o São Paulo acertou 50% dos seus dez arremates.
E foi em um chute fácil, sem goleiro, que o São Paulo chegou ao segundo gol. Aos 26min, Ilsinho realizou boa jogada pela direita e cruzou para Júnior completar para o gol.
O Internacional insistia em jogadas pelo alto -cruzou 37 vezes durante a partida-, que acabavam rebatidas pelos zagueiros. E o São Paulo até conseguiu manter a posse de bola, trocando passes para a delírio da pequena torcida presente.
Como ato final, Rogério sofreu contusão muscular ao esticar a perna num lance dentro da aérea. Como o time já tinha feito três substituições, ele ficou em campo, com dores.
"De vez em quando, eu acerto", disse Muricy. "Estou acostumado a pressão no futebol desde os nove anos."
O São Paulo volta a jogar pelo Brasileiro na quarta-feira, quando pega o São Caetano.


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