Seleção feminina sofre 2ª derrota no Mundial de basquete e, de novo, culpa a arbitragem, que excluiu Janeth e Iziane

Após encostar no placar no último quarto, time fica sem sua principal estrela, cai por 82 a 73 e hoje se classifica com vitória sobre o Canadá

ADALBERTO LEISTER FILHO
EDGARD ALVES
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Em sua melhor partida até aqui no Mundial de basquete, a seleção feminina perdeu ontem para a Austrália, por 82 a 73, no ginásio do Ibirapuera.
E, como na derrota para a Espanha, na 1ª fase, o time voltou a se queixar da arbitragem.
Com a vitória, as australianas se classificaram para as quartas-de-final e garantiram o primeiro lugar do Grupo E. Já o Brasil só depende de si para ficar com uma das outras três vagas da chave. Para isso, precisa vencer hoje o Canadá, às 15h15.
A seleção começou o jogo imprimindo ritmo forte. Janeth, cuja pontaria vinha sendo fraca, destacou-se no ataque, acertando 53% dos tiros de quadra.
Em compensação, o técnico Antonio Carlos Barbosa teve que abrir mão muito cedo de uma das titulares, a pivô Êga, que fez sua terceira falta logo no começo e foi para o banco.
A entrada de Cíntia Tuiú não prejudicou a defesa, que forçava os erros australianos. Por duas vezes, as vice-campeãs olímpicas perderam ataques no estouro do cronômetro. O Brasil abriu ligeira vantagem no primeiro quarto (21 a 17).
A Austrália começou o período seguinte melhor, alternando jogadas com Lauren Jackson no garrafão e tiros de longe, principalmente de Penny Taylor. Para conter o ímpeto ofensivo das visitantes, Barbosa pôs Erika no lugar de Alessandra, mas a troca não surtiu efeito.
A equipe nacional vacilava no ataque. E, quando errava, invariavelmente não tinha a segunda chance. A Austrália foi a primeira equipe do Mundial a dominar o Brasil nos rebotes: capturou 35 contra 27. Nos contra-ataques, as australianas faziam passes rápidos, confundindo a marcação adversária. Acabaram o primeiro tempo vencendo por 47 a 39.
No terceiro quarto, a Austrália ampliou a diferença para 68 a 57. Veio então a reação brasileira, particularmente no período derradeiro, quando Janeth diminuiu a desvantagem para três pontos (68 a 65).
Foi quando houve algumas marcações duvidosas da arbitragem, particularmente da americana Susan Blauch.
Duas faltas de ataque foram anotadas contra Janeth, que foi excluída do jogo, e outra contra Iziane. Pouco depois, a ala-armadora também teve que deixar a quadra por causa da quinta falta. Sem duas de suas principais pontuadoras, a reação nacional acabou abortada.
"Deram três faltas de ataque escandalosas e que resultaram em cestas da Austrália. Acho uma porcaria a arbitragem. Estou começando a duvidar da competência e da idoneidade dos árbitros", reclamou Barbosa, que ficou bronqueado com as 24 faltas marcadas contra o Brasil, contra 16 para o rival.
Para a Fiba, porém, os juízes estão bem. "Sempre há reclamações de um lance ou de outro. Mas, no geral, achei as arbitragens boas", diz Patrick Baumann, secretário-geral da entidade, que rege o esporte. Contra a Espanha, o Brasil perdeu por um ponto após ter um último lance de ataque em que Alessandra sofreu falta clara -um tapa no braço direito- ignorada pela arbitragem.
Ontem, as cerca de 6.000 pessoas que foram ao Ibirapuera, no maior público do Mundial até aqui, ficaram revoltadas contra o trio de árbitros, que deixou a quadra sob vaias.
Um torcedor lançou uma cusparada quando um dos juízes seguia para os vestiários.