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Judocas pagam para competir
Alegando "mudanças no calendário", CBJ não banca as passagens de 7 atletas na Copa da Inglaterra
Confederação, que recebe anualmente R$ 2,5 milhões da Lei Piva mais recursos de dois patrocinadores, culpa novo sistema de ranking
JOSÉ EDUARDO MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os piores tempos do judô
brasileiro até parecem estar de
volta. Depois do fracasso no
Mundial de Roterdã, em agosto, na Holanda, as sete atletas
que vão disputar a Copa do
Mundo da Inglaterra a partir de
amanhã tiveram de pagar as
suas próprias passagens aéreas
para competir na Europa.
Apesar de contar com a verba
da Lei Piva, R$ 2,5 milhões, e os
patrocínios de Infraero e Mizuno, a CBJ (Confederação Brasileira de Judô) alegou não ter
condições financeiras para arcar com todas as despesas.
"Foi um ano atípico, com
mudanças no calendário. Foram incluídas competições em
outras categorias [juvenis]",
alegou Paulo Wanderley, presidente da entidade. Além disso,
o sistema de ranking exige
maior participação em eventos
internacionais da modalidade.
Pelo sistema, em 2009 serão
quatro Grand Slams, cinco
Grand Prix e 27 Copas do Mundo. "Uma coisa é clara: quando
se quer atingir um nível de excelência, não há limite mínimo
de recursos", disse o cartola.
No total, 15 atletas brasileiros participarão do torneio
-oito homens e sete mulheres.
Coincidentemente, na Holanda as judocas obtiveram melhores resultados (dois quintos
lugares) do que o time masculino (uma quinta posição).
"Não tinha a previsão de ir o
feminino. Mas houve o interesse da parte delas, e nós autorizamos a participação. Elas não
estão pagando tudo, existe uma
facilidade em termos de hospedagem e alimentação", minimizou o presidente da CBJ.
Os atletas viajam hoje para a
Inglaterra e competem no fim
de semana. Depois, a delegação
permanece na Europa para
uma semana de treinamento.
"É possível que em outros
campeonatos como este os homens paguem também", afirmou Paulo Wanderley.
As atletas receberam no dia
12 de agosto um e-mail da técnica da delegação feminina, Rosicleia Campos, com o primeiro
pedido da entidade.
Na sequência, o coordenador
técnico da CBJ, Ney Wilson,
mandou uma carta-convite para todas as atletas. Segundo
Wilson, o interesse das atletas
foi maior do que as vagas.
Ainda para tentar justificar a
necessidade de as judocas precisarem pagar a passagem, a
confederação faz comparação
com delegações europeias.
"A França, com recurso em
euros, também adota essa prática. Em alguns campeonatos,
vai um grupo por conta da confederação, e em outros eles liberam. Não é invenção nossa",
declarou Wanderley.
O custo de uma passagem do
Brasil para a Inglaterra é de
US$ 1.100, de acordo com a própria cotação da CBJ.
Já para viajar da França para
a Inglaterra, um atleta tem diversas opções mais econômicas
-até por ônibus ou trem.
"A competitividade é muito
grande, e para isso vocês devem
buscar apoios e patrocínios que
permitam custear algumas viagens, pois a CBJ não terá condições de custear para todas vocês, não que seja a vontade da
entidade, mas porque a crise
atual não permite", dizia o
e-mail enviado por Rosicleia.
Esta não é a primeira vez que
a confederação adota essa postura. No Grand Slam de Moscou, em maio, Taciana Rezende
de Lima, da categoria até 48 kg,
teve de pagar a sua passagem.
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