São Paulo, sexta-feira, 18 de setembro de 2009

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Duelo de desertor cubano com brasileiro revive drama do Pan

Equipe de bicampeão olímpico o proíbe de falar sobre o que aconteceu no Rio

Adriano Vizoni/Folha Imagem
Giovanni Andrade, que enfrenta hoje Guillermo
Rigondeaux, posa no clube escola onde treina


EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

O cubano Guillermo Rigondeaux, bicampeão olímpico e mundial e cuja tentativa de deserção durante o Pan-2007, no Rio, provocou polêmica, tem de novo o Brasil como obstáculo para sua carreira profissional.
Rigondeaux enfrenta hoje à noite, no Fountainebleau Hotel, na Flórida (EUA), o veterano brasileiro Giovanni Andrade. ""Espero que ele tenha espírito esportivo e não desconte em mim o que aconteceu no Pan. Mas, pelo que vi, todos os sites de internet falam só disso. Então alguma coisa tem, alguma coisa tem", diz Andrade.
Durante o Pan, Rigondeaux e outro pugilista cubano, Erislandy Lara, tentaram desertar. Localizados por autoridades brasileiras, foram enviados de volta a Cuba. Execrados pelo ditador Fidel Castro, foram excluídos da seleção olímpica.
Posteriormente, ambos fugiram de Cuba. Lara foi para a Alemanha e assinou contrato com a Arena Box-Promotion.
Rigondeaux, 28, seguiu outra trajetória: esnobado pela Arena por causa da idade, firmou com Luis de Cubas, um promotor baseado nos EUA que já havia gerenciado pugilistas cubanos, sendo o mais famoso Joel ""El Cepillo" Casamayor, que foi rival de Acelino Freitas, o Popó.
Diversas versões do que aconteceu no Rio foram veiculadas. Algumas davam conta de que houve deportação. Outras, de que os pugilistas retornaram ao país por vontade própria.
Ao ser questionado pela Folha sobre a tentativa abortada de deserção durante o Pan do Rio, Ricardo de Cubas, irmão de Luís de Cubas, promotor de Rigondeaux, deu a entender, há alguns meses, que o lutador fora deportado: ""O que aconteceu, aconteceu. Você sabe".
Nesta semana, Luís negou a versão do irmão. Além de terem blindado Rigondeaux para a discussão de ""temas políticos", o discurso agora aponta para a direção da diplomacia.
""Ele [Rigondeaux] gosta do seu presidente [Lula], assim como de todos os brasileiros."
Outro membro da equipe de Rigondeaux, que se prontificou a servir de ponte entre o lutador e a reportagem, repassando perguntas ao atleta, alertou que o pugilista não responderia às questões sobre assuntos ligados à política. Somente sobre pugilismo, ao acrescentar que ""o Rigondeaux nada tem contra nenhum governo do mundo".
E instruiu que todas as perguntas teriam de se referir estritamente ao assunto boxe.
Ao ser questionado sobre o fato de Rigondeaux ter apenas duas lutas profissionais, porém, o funcionário acabou por disparar contra o regime encabeçado pelo clã Castro. Justificou que o o lutador não tem mais combates porque o profissionalismo é vetado em Cuba.


NA TV - G. Rigondeaux x G. Andrade
ESPN Brasil, ao vivo, às 22h




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