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FUTEBOL
Empresa de J. Hawilla informa Teixeira de rescisão por carta; confederação fica sem agência oficial de marketing
CBF e Traffic rompem parceria de 11 anos
FERNANDO MELLO
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC
A mais duradoura parceria da
era Ricardo Teixeira na CBF
(Confederação Brasileira de Futebol) chegou ao fim.
A Traffic, empresa de marketing esportivo do ex-jornalista J.
Hawilla, não é mais a agência oficial da entidade que comanda o
futebol brasileiro, decisão comunicada por carta a Teixeira.
É o primeiro elo do mais controverso contrato de patrocínio
do futebol do país que se rompe
após a criação de duas CPIs do
Congresso para investigar o esporte e seus negócios.
Em 1996, Traffic, CBF e Nike celebraram o acordo que ficaria conhecido internacionalmente como "contrato CBF-Nike" e que
motivaria o surgimento das CPIs
na Câmara e no Senado.
A parceria entre Ricardo Teixeira e J. Hawilla foi oficializada no
segundo ano da gestão do dirigente na CBF, em 1990.
O contrato CBF-Nike, de US$
160 milhões, dá à multinacional
de materiais esportivos o direito
de patrocinar a seleção brasileira
por dez anos, até 2006.
No âmbito comercial, o fim da
parceria entre a agência e a entidade não altera o que já foi acordado com a Nike, mas dificulta
uma renovação e pode aumentar
o desgaste entre as partes.
O motivo do rompimento foi a
exclusão da Traffic da negociação
entre CBF e AmBev, que culminou com a substituição da marca
Coca-Cola, cliente da agência de
Hawilla, pelo guaraná Antarctica
nos uniformes de treino da seleção brasileira. Hawilla havia levado a Coca-Cola para a CBF no início da década de 90.
Segundo a Folha apurou, o empresário também estava desgostoso com o fim da Copa Mercosul,
torneio sul-americano de clubes
capitaneado pela Traffic, que foi
retirada do calendário do futebol
por um acordo ao qual Ricardo
Teixeira deu aval.
A parceria Traffic-CBF foi devassada pelas CPIs do Congresso,
que, apesar de considerarem o negócio ruim para entidade, não encontraram nele irregularidades.
De acordo com deputados da
CPI da CBF/Nike, que funcionou
na Câmara de outubro do ano
passado até junho último, a agência "monopolizava" os negócios
da CBF e recebia comissões acima
das praticadas pelo mercado.
Só pelo acordo da entidade com
a Nike, a Traffic recebeu US$ 8
milhões. Em seus depoimentos às
CPIs, Hawilla e Teixeira afirmaram que os valores eram os praticados no setor -5% de comissão.
Os dois empresários tiveram
seus sigilos bancário, fiscal e telefônico quebrados. A suspeita inicial dos congressistas, de que Hawilla e Teixeira eram de alguma
forma sócios, não se confirmou.
O dirigente e o empresário voltarão a depor na CPI do Futebol,
que ainda funciona no Senado.
Desta vez, na pauta dos senadores estará o Mundial de Clubes da
Fifa, realizado pela Traffic e pela
CBF no Brasil em 2000, e o contrato da entidade com a AmBev, que
renderá uma comissão de US$ 8
milhões à MB Promoções, empresa do empresário Renato Tiraboschi, ex-sócio e amigo de Teixeira.
A Traffic já havia rompido seu
contrato com a Fifa no primeiro
semestre deste ano e, anteontem,
anunciou o fim de sua parceria
com a TV Bandeirantes.
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