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Time Espanhol se equilibrou após 2ª divisão
LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
"A segunda divisão pode não
ser nada agradável para um clube
grande, mas também pode significar a hora de esse clube reencontrar sua grandeza perdida e voltar
à primeira mais forte ainda. Porque uma hora ele vai voltar."
O consolo vem da Espanha. O
diretor de futebol do Atlético de
Madrid, o ex-jogador português
Paulo Futre, disse à Folha que o
melhor conselho para o Palmeiras
(Botafogo e Lusa também) é um
só: "Começar do zero".
O Atlético de Madrid, tradicional clube espanhol que recentemente amargou dois anos jogando na segunda divisão espanhola
depois do rebaixamento de 1999-2000, é um dos muitos exemplos a
serem seguidos pelos grandes rebaixados no Brasileiro-2002.
"Passamos um ano reestruturando a área administrativa e financeira. Repensando desde as
categorias de base ao patrocínio
na camisa. Se caímos, é porque tudo estava errado. Precisávamos
botar a casa em ordem para subirmos equilibrados, para não caírmos de novo", lembrou Futre,
que jogou por mais de dez anos
no Atlético antes de virar dirigente do clube.
"Em uma hora dessas, um conselho valioso é unir sistematicamente, para traçar planos para o
clube, todos os simpatizantes da
agremiação, desde diretores, associados, torcedores e figuras
ilustres, como empresários, políticos. Isso fortalece o time", receita o português.
Para S temporada de 2001-2002,
na qual o Atlético conquistou o
direito de voltar a figurar entre os
grandes da Espanha, o time fez
forte campanha televisiva para
conclamar a torcida.
A resposta foi imediata: cerca de
40 mil carnês foram vendidos para os jogos do Atlético em casa. Os
16 mil restantes (a capacidade do
estádio é de 56 mil pessoas) sumiam das bilheterias dias antes
das partidas do time.
"Essa motivação dos torcedores
foi muito importante para subirmos", disse Futre. "Foi uma contrapartida financeira para a receita do time, que na segunda divisão é substancialmente menor do
que na primeira, notadamente
por causa da venda dos direitos
televisivos."
O Atlético de Madrid, o quarto
maior clube da Espanha em número de títulos, voltou nesta temporada para a elite espanhola.
Com as finanças equilibradas, o
time chegou até a vislumbrar a
contratação do meia Rivaldo para
disputar o Espanhol 2002-2003. O
brasileiro acabou no Milan.
Adepto da idéia de segunda divisão não é o fim do mundo, Futre
lembra que a maioria dos tradicionais clubes europeus já passaram pelo andar de baixo dos torneios de elite. "É uma situação comum na Europa. Você tem exemplos de Milan e Manchester United, para ficar só em dois. Parte da
grandiosidade desses dois clubes
poderosos vieram das lições da
segunda divisão", afirmou.
Na Inglaterra, todos os times,
inclusive os milionários Manchester e Arsenal, já experimentaram a segundona. Na Itália, só Inter e Juventus nunca saíram da
elite. Na França, o time com o
maior número de títulos do país
está hoje na segunda divisão. Na
Alemanha, até o Bayern de Munique amargou rebaixamento.
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