São Paulo, domingo, 18 de novembro de 2007

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Garantido em 2014, time faz giro do adeus

Brasil só deve voltar às arenas vizinhas no ano seguinte à Copa que abrigará

Exceção é Argentina, que deve sediar Copa América; seleção é sucesso de renda como visitante, porém não vence fora de casa há 5 jogos

DO ENVIADO A LIMA
DO ENVIADO A TERESÓPOLIS

A Copa de 2014 será no Brasil. Sorte da seleção e azar dos vizinhos sul-americanos.
Como não faz mais amistosos na região (o último foi em 1999) e não vai disputar o próximo qualificatório por ser o país-sede, o time nacional deve ficar, na média, oito anos sem atuar nos vizinhos (a exceção deve ser a Argentina, provável sede da Copa América em 2011). Isso significa que o Peru, por exemplo, só deve ver o Brasil de novo a partir de 2015.
É nos vizinhos sul-americanos que o Brasil mais causa furor e mais sofre em campo.
Nas eliminatórias passadas, a média de público do time como visitante ficou em 46 mil pagantes. O único jogo que não teve ingressos esgotados foi o contra a Bolívia, em La Paz (na ocasião, a equipe andina já não tinha chance de classificação havia um bom tempo).
Isso numa época em que a seleção brasileira faz amistosos com estádios vazios na Europa, como aconteceu em recentes confrontos na Suécia (contra a seleção de Gana) e na Alemanha (diante da Turquia).
A notícia de que Ronaldinho não tinha presença certa para o jogo de hoje foi a principal manchete sobre o jogo em Lima nos últimos dias. O coro do torcedor local não era de alívio, mas de lamentação por não poder ver o atleta duas vezes eleito melhor do mundo pela Fifa.
Estádios cheios de fãs rivais assustam o Brasil. Já são cinco jogos em eliminatórias (quatro na edição passada e mais um agora) como visitante sem vitória, a maior seca de triunfos da história do time nessa competição. Em casa, o país nunca perdeu um jogo qualificatório para Mundial -a primeira vez que precisou disputar eliminatórias foi para a Copa de 1954.
"Temos que ter um pouco mais de sorte fora. Acredito que, se jogarmos da mesma forma que atuamos no Maracanã no mês passado [goleada de 5 a 0 sobre o Equador], a vitória virá", diz o capitão Lúcio.
Técnico e jogadores repetem o chavão de que os rivais se transformam quando enfrentam o único time nacional cinco vezes campeão do mundo.
"Será cada vez mais difícil [as eliminatórias]. Os times estão melhorando nos últimos anos", exagera o técnico Dunga, já que os adversários de Argentina e Brasil cada vez têm mais dificuldades em enfrentar a dupla.
O treinador, aliás, ficou satisfeito quando sua equipe somou só um ponto contra a Colômbia, em Bogotá, no mês passado, em campo molhado.
"Todos os jogos fora de casa são uma guerra. Os times querem ganhar da seleção e têm a oportunidade porque contam com os torcedores a seu favor. É o jogo da vida deles, mas a nossa motivação tem que ser sempre para vencer e impondo o nosso ritmo", diz Kaká, que foi titular da seleção pela primeira vez em um jogo oficial justamente contra o Peru, em Lima, há quatro anos, pelas eliminatórias para o Mundial de 2006 -um empate de 1 a 1 que ficou mais famoso pelas provocações dos torcedores à situação conjugal de Ronaldo.
Alguns dos integrantes da seleção, como o goleiro Júlio César, lembram que o Brasil ganhou as duas últimas edições da Copa América: no próprio Peru, em 2004, e na Venezuela, nesta temporada. Mas nas duas ocasiões o time nacional não enfrentou os anfitriões.
Do lado peruano, a seca de vitórias brasileiras como visitante serve de ânimo. E dizem que não faz falta para a equipe de Dunga vencer em Lima nas eliminatórias como um todo.
"Eles vão ao Mundial da África do Sul do mesmo jeito, porque são capazes de ganhar os nove jogos em casa", afirma José del Solar, o técnico peruano.
(PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)


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