São Paulo, domingo, 18 de novembro de 2007

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Mais velho, Brasil se poupa para ir a Pequim

Seleção que estréia hoje na Copa do Mundo treina menos e reclama mais

Experiente e eficiente, time faz treinos intensos, mas curtos; jogadores com problemas físicos crônicos ganham atenção especial

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os corpos não agüentam mais bate-bola às 6h, treinos em estacionamentos, exercícios de musculação entre uma escala e outra de vôo.
Em quadra, os jogadores apresentam um requinte cada vez maior. Os músculos, no entanto, pedem arrego quando o esforço aumenta. A idade pesa para a seleção de vôlei.
O grupo que estréia hoje na Copa do Mundo em busca de uma vaga na Olimpíada de Pequim-2008 envelheceu, junto. Acumula muitos títulos e compartilha muitas dores.
"Se você visse esse time acordando... É reclamação de dor no joelho, nas costas, no ombro, artrose... Eles demoram cada vez mais para começar a funcionar", afirma Guilherme Tenius, o Fiapo, fisioterapeuta da seleção desde que Bernardinho assumiu o cargo, em 2001.
O time que enfrenta os EUA hoje, às 7h05 (com TV), e a Espanha amanhã, às 7h35 (com Sportv), tem média de idade de 28,6 anos. É o mais velho que o mais vitorioso técnico de vôlei do país já dirigiu. Se Ricardinho estivesse no grupo, seriam 29,5.
As dores da seleção fizeram o técnico brasileiro, famoso por sua exigência nos treinos, aliviar o trabalho ao longo dos anos. Se a equipe antes corria uma hora, hoje são 40 minutos. Se dava 50 saltos em treinos de bloqueio, agora pula 25 vezes.
"Não agüentamos mais fazer aquelas loucuras do começo, treino no meio da viagem, em estacionamento... E também nem precisamos tanto. Antes, a gente precisava de muita repetição para aprender a fazer direito. Agora, o time é experiente, está muito mais rodado, os toques e as cortadas já são mais refinados", diz Escadinha, 32.
O líbero já teve o joelho operado. Seu maior problema, no entanto, está nas costas.
"Minha função exige muito dessa região. Eu sofro mesmo."
Escadinha é um dos principais alvos de atenção de Fiapo, que, com o passar do tempo, recebe cada vez mais visitas durante e fora das competições.
André Heller, 32, tem problema no joelho. Giba, 30, no ombro. Marcelinho, 33, sofre com dores no pescoço. Gustavo, 32, se preocupa com as costas.
"O bom de trabalhar com um time mais maduro é que eles já sabem que têm problemas e o que precisam para estar bem. Cada um sabe seu limite. Nem preciso chamar mais para a fisioterapia, eles me procuram. É bem diferente de uma equipe jovem, que você tem de ficar pegando no pé", completa.
O meio-de-rede André Heller é o principal "cliente" de Fiapo. O jogador tem uma artrose no joelho que o incomoda desde os 20 anos.
"Eu já aprendi como cuidar do meu joelho. Conheço tudo de que ele precisa para ficar feliz", brinca o meio-de-rede. "Sou um dos mais assíduos da fisioterapia. Não procuro apenas quando tenho dores. Com o tempo, a gente aprende como se cuidar. Essa é vantagem de ser de um grupo mais velho."


NA TV - Brasil x EUA Globo e Sportv, ao vivo, às 7h05

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