São Paulo, quarta-feira, 18 de dezembro de 2002

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FUTEBOL

América do Sul perde vaga no Mundial; Ásia e Oceania se beneficiam

Decisão da Fifa dificulta o caminho do Brasil à Copa

DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil pentacampeão, que já perdera a tradicional vaga dada ao vencedor do Mundial, viu seu caminho rumo à Copa-2006 ficar mais tortuoso depois de uma decisão tomada pela Fifa ontem.
A entidade que organiza o futebol internacional determinou, após uma reunião de quatro horas de seu Comitê Executivo, que a América do Sul terá quatro postos no Mundial da Alemanha e não disputará mais a repescagem para conquistar uma quinta vaga.
O subcontinente, a região com mais troféus mundiais, contou com cinco representantes nas competições de 1998 e 2002.
Outro continente tradicional que perdeu com a decisão foi a Europa (oito títulos de Copa), que baixou de 15 times para 14.
Com isso, quem se beneficiou foram áreas como Ásia e Oceania, que aumentaram sua influência política após as administrações do brasileiro João Havelange e do suíço Joseph Blatter.
Os asiáticos foram os mais favorecidos, afinal, ficaram com o mesmo número de seleções que tinham em 2002, quando Japão e Coréia do Sul ganharam lugares compulsórios por serem sede.
O continente mais populoso do globo tem quatro vagas e ainda disputará uma repescagem com a Concacaf (Confederação da América do Norte, Central e Caribe) por mais uma seleção nacional.
Já a Oceania, onde só existe futebol profissional na Austrália, não vai mais precisar disputar repescagem e ganhou um lugar fixo -é bom lembrar que os australianos foram decisivos na escolha da Alemanha como sede de 2006 e na eleição de Joseph Blatter.
Tradicionalmente, os australianos vencem com facilidade na região, mas tropeçam na repescagem final -perderam para os argentinos (eliminatórias para EUA-1994), os iranianos (para França-1998) e os uruguaios (para Japão/Coréia-2002)
O único continente que não ganhou nem perdeu com a decisão da Fifa foi a África, que permaneceu com seus cinco selecionados.
O Brasil pode ser considerado o maior prejudicado com as últimas deliberações da entidade, afinal, perdeu uma chance e meia de se classificar para o evento.
A primeira decisão foi tomada em dezembro de 2001, quando a Fifa acabou com a vaga fixa do campeão para a edição seguinte da Copa. Essa regra existia desde o surgimento dos Mundiais, no longínquo ano de 1930.
A segunda resolução prejudicial saiu ontem, com o fim da repescagem para os sul-americanos -o presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol, o paraguaio Nicolás Leoz, viu seu lobby na reunião de Madri (Espanha) não dar em nada.
Presente em todos os 17 Mundiais e campeão em cinco deles, o Brasil viveu campanhas difíceis em suas duas últimas eliminatórias de Copa do Mundo.
Para o Mundial de 1994, no qual sagrou-se tetracampeão, chegou à última rodada das eliminatórias precisando empatar com o Uruguai no Maracanã. Contou com gols de Romário para ganhar.
Já para a Copa-2002, a seleção brasileira fez campanha ruim e só garantiu vaga na última rodada, em jogo com a Venezuela. Conseguiu ganhar e ficar com em terceiro lugar entre os sul-americanos.
Mas o time chegou para aquele jogo com a possibilidade de encarar a repescagem. Tanto é assim que já tinha reserva de viagem e hotel para jogar na Austrália.


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