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São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 2003

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FUTEBOL

Entidade, que não admitia punições rigorosas, já cogita expulsar jogadores por causa de uso de substâncias proibidas

Fifa muda e agora quer banir por doping

DA REPORTAGEM LOCAL

Entidade esportiva que mais entraves colocou à adoção do Código Mundial Antidoping, a Fifa decidiu radicalizar seu discurso.
Em artigo publicado no diário britânico "Financial Times", Joseph Blatter, presidente da entidade que comanda o futebol, disse que já admite o banimento de jogadores pegos no antidoping.
O código da Wada (Agência Mundial Antidoping) prevê esse tipo de pena para os atletas cujos exames sejam positivos pela segunda vez para drogas pesadas, como os esteróides anabólicos.
Blatter declarou que a punição pode atingir também os clubes que não seguirem as regras.
O dirigente citou o caso do zagueiro Rio Ferdinand, do Manchester United, que se recusou a passar por uma coleta de urina, há dois meses. O defensor, titular da seleção inglesa, chegou a ser barrado do jogo contra a Turquia, em outubro, pelas eliminatórias da Eurocopa, devido ao problema.
"Se esse tipo de comportamento continuar, teremos que criar uma lei que imponha a suspensão por toda vida a atletas culpados por uso de drogas e o rebaixamento de suas equipes. Se os clubes não podem controlar seus jogadores, quem poderá?", argumentou ele.
Blatter disse que a Fifa deverá intervir no caso Ferdinand. O zagueiro deve ser interrogado hoje pela federação da Inglaterra.
"A punição rigorosa é o único meio de assegurarmos que a lei será igual para todo mundo, pobres e ricos", afirmou Blatter.
Esse novo discurso é bem diferente da prática adotada pela entidade comandada pelo suíço.
A mesma Fifa que prega hoje maior rigor antidoping já criou uma série de empecilhos para a adoção do Código Mundial Antidoping da Wada. O documento foi apresentado em março, em Copenhague, na Dinamarca.
Até os Jogos de Atenas-2004, todas as federações esportivas internacionais devem seguir a norma unificada. Quem não se adequar à nova lei pode até deixar de fazer parte do programa olímpico.
A principal queixa da Fifa ao código diz respeito justamente à suspensão dos jogadores flagrados. Blatter inicialmente se mostrou contrário à pena de dois anos para o primeiro caso positivo.
Em novembro, a entidade abriu um precedente e conseguiu flexibilizar o regulamento da Wada.
A agência liberou a Fifa para tratar seus casos individualmente. Além disso, o futebol ganhou o privilégio de só aplicar a pena de dois anos para as ofensas consideradas "graves". Por outro lado, a entidade assegurou que irá assinar o código brevemente.
Ainda neste ano, a Fifa não aceitou refazer os testes de competições antigas após a descoberta do THG, um novo esteróide anabólico (grupo de substâncias que aumentam a potência muscular).
Segundo a Fifa, o regulamento da entidade impediria a iniciativa por permitir aos laboratórios descartarem as amostras de urina 30 dias após o resultado dos exames.
As federações internacionais de atletismo, natação e tênis, por exemplo, executaram o "recall". No Mundial de atletismo de Paris foram encontrados dois casos positivos. A natação e o tênis não flagraram nenhum competidor fazendo uso da nova substância.


Com agências internacionais

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