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FUTEBOL
A CBF e a imprensa
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
Ricardo Teixeira não prima por ser habilidoso. É tão
óbvio e previsível que dá dó.
Ele resolveu, como se esperava,
punir esta Folha pela contratação
deste colunista.
Consta até que a assessoria de
imprensa da CBF, aparentemente
constrangida, deixou a situação
clara, ao avisar que o jornal passaria a ser tratado a pão e água.
E tem sido assim.
Recentemente somente a Folha,
entre os três maiores jornais do
país, ficou sem a informação sobre os locais de concentração da
seleção brasileira antes da Copa
do Mundo, na Suíça, em Weggis,
e durante, na Alemanha, em
Frankfurt.
O diário "Lance!", o maior especializado em futebol na América
Latina, também foi excluído, como está excluído até da programação publicitária da Nike, por
mais adequado que seja para
tanto, não só por sua relevante
circulação auditada e pelo público que atinge.
Isso tem um nome, que parecia
banido no Brasil: perseguição política, algo típico dos coronéis de
repúblicas bananeiras.
É óbvio que os veículos que são
críticos sabem que pagam um
preço por sua independência.
É óbvio, ainda, que os jornais
que foram privilegiados com as
informações da CBF não abrirão
mão de sua independência editorial em troca de favores.
Não é disso que se trata e não é
esse o objetivo principal, por primário que seria.
A intenção é ainda mais infantil. É a de castigar um veículo porque este tem fulano ou sicrano como seu colaborador.
Teixeira tem todo o direito de
dar entrevistas para quem quiser
e de não dar para quem considere
que o trate mal.
Só que não pode esquecer que a
CBF não é dele e que há um tipo
de informação que não pode ser
fornecida a uns e ocultada de outros, sem mais.
Há muito tempo que o técnico
da seleção brasileira, por exemplo, não antecipa a convocação
dos jogadores para um jornalista
mais seu amigo. Convoca-se em
entrevistas coletivas.
E não imagine, caro e raro leitor, que há aqui algum queixume.
Nada disso.
Trata-se apenas de constatar a
pequenez de uma perseguição,
até porque este colunista está
entre aqueles que sabem que as
melhores informações são dadas
pela oposição, raramente pela
situação.
Aprendiz de ACM, que um dia
disse que jornalistas são comprados de duas maneiras, com dinheiro ou com notícia, Teixeira
desconhece a existência de um
terceiro tipo, o que não se vende
nem por uma coisa nem por outra, algo que o desnorteia.
Então, ele pune, ele castiga, severo com a petulância.
E se desmoraliza, mais e mais,
diante até dos que eventualmente
protege, que hoje estão num veículo, amanhã noutro.
Fosse mais sofisticado, ele não
discriminaria assim de maneira
tão acintosa e causaria prejuízos
muito maiores aos desafetos.
Mas para tanto é necessária
uma sutileza que elefantes em lojas de louças, definitivamente,
não têm.
Só leia se...
É possível que você já saiba quem é o novo campeão mundial. Daí, a
sugestão: só leia a nota abaixo se o São Paulo for o tricampeão. Em
caso contrário, leia só a última nota.
Deu Tricolor!
A conquista do São Paulo, que merecerá uma coluna inteira amanhã,
deveu-se à estratégia de poupar o time no Brasileirão. Ter focado no
Mundial permitiu a concentração que deu no que deu. O São Paulo
ganhou tudo o que quis em 2005: Paulista, Libertadores e Mundial.
Não deu!
A derrota brasileira ensina: não se deve abdicar de um torneio como
o São Paulo fez no Brasileirão porque o time perde o ritmo de jogo.
@ - blogdojuca@uol.com.br
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