|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Brasil bate seu recorde de casos de doping
Mesmo antes de 2009 terminar, 47 atletas são flagrados em seus exames
Marca anterior do país era
de 2004, com 31 exames positivos, e a expectativa de especialistas é que o número cresça ainda mais em 2010
DA REPORTAGEM LOCAL
No ano em que conquistou o
direito de receber a Olimpíada
de 2016, o Brasil quebrou um
recorde no esporte. O país superou a sua marca de atletas
flagrados em exames antidoping, com 47 registros.
Antes, o número máximo de
competidores que testaram positivo era 31, em 2004.
Mesmo sem ainda encerrar o
ano e com a chance de mais casos serem detectados em provas como a São Silvestre, integrantes do Comitê Olímpico
Brasileiro já começaram a analisar os números da temporada.
"Existem algumas explicações [para o aumento do número de casos]. Primeiro, há mais
federações fazendo exames.
Antes, só a natação e o futebol
tinham mais controle", diz o
médico Eduardo de Rose, da
área de controle de doping do
COB e membro da Wada
(Agência Mundial Antidoping).
O número total de exames
realizados no país em 2009, no
entanto, ainda não foi fechado.
A estimativa é que cerca de
5.000 testes tenham sido aplicados. Em 2008, foram 4.621.
Outro ponto responsável pelo crescimento do número de
casos é a qualidade dos exames,
em sua maioria realizados no
Ladetec, único laboratório credenciado pela Wada no país.
"Houve alguma mudança
também na forma. Antes, ou se
fazia o sorteio ou analisávamos
os três primeiros colocados.
Agora, existem mais controles
fora de competição e dirigidos",
completou De Rose.
Neste ano, o maior número
de casos ocorreu no atletismo,
que teve 17 atletas flagrados.
O caso mais emblemático foi
o do doping sistemático com
competidores da equipe Rede
Atletismo, em Presidente Prudente, divulgado em agosto.
Treinados por Jayme Netto
Jr. e Inaldo Sena, cinco atletas
testaram positivo para a substância EPO (eritropoietina) em
exame fora de competição, realizado no dia 15 de junho, e outros dois assumiram ter participação no esquema.
"Analisamos treinos e resultados. E até eventuais denúncias fazem parte da nossa central de inteligência. Isso integra
o que a Iaaf [entidade que gerencia o atletismo mundial] determinou em 2007. Não adianta fazer um monte de exames e
gastar dinheiro sem qualidade", diz o advogado Thomaz
Mattos de Paiva, da agência antidoping da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo).
"Existem várias formas e informações que te levam ao atleta que utiliza a substância ilícita. A variação do peso, mudanças na pele, maior incidência de
acnes, melhora de performance...", explica De Rose.
Para os especialistas, os casos
não cairão em 2010. "Num primeiro passo, os casos de doping
devem aumentar, mas, depois,
a tendência é diminuírem para
chegarmos a números, em tese,
aceitáveis", afirma Paiva.
"Este ano assustou, mas há
focos que ainda estamos estudando. O combate continuará a
ser rigoroso, e vamos aumentar
o número de exames para cerca
de 800", completa ele.
A CBAt realizou, até agora,
cerca de 620 testes. E já adquiriu maior número de kits para
aplicar mais exames em 2010.
A substância que mais foi
usada neste ano foi a EPO, que
melhora a oxigenação do sangue, com 12 casos. "Em geral, se
o sujeito tomou um anabólico,
foi por má-fé. Os casos de flagrantes com estimulante e diurético podem ser casuais", afirma De Rose.
(CRISTIANO CIPRIANO POMBO E JOSÉ EDUARDO MARTINS)
Texto Anterior: Irredutível: COB apoia o rigor do COI e irá acatar a decisão da FIG Próximo Texto: Mentores não têm punição definitiva Índice
|