Campeão mundial crava 21s02 no Campeonato Brasileiro e registra o segundo melhor tempo da história da prova

Hoje, nadador terá 2 últimas oportunidades de derrubar a marca antes da entrada em vigor da nova norma que veta o uso dos supermaiôs

Eduardo Knapp/Folha Imagem

Cesar Cielo se prepara para nadar os 50 m livre, ontem, no Pinheiros

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

A piscina não era a ideal, o ano havia sido cheio de compromissos fora da piscina, mas Cesar Cielo estava confiante de que poderia quebrar o recorde mundial dos 50 m livre durante o Campeonato Brasileiro.
Só não contava com um pequeno contratempo, exatamente antes de sua série.
Marco Sapucaia chegou à piscina com seu traje danificado e foi autorizado a trocá-lo. A competição foi parada.
Foram dez minutos até que o nadador voltasse para competir. Enquanto isso, Cielo já esperava por seu momento de cair na água ao lado da piscina.
Mesmo com a quebra de concentração, porém, o campeão mundial e olímpico cumpriu a distância em 21s02, o segundo melhor tempo da história.
O recorde mundial pertence a seu colega de treino Fred Bousquet, com 20s94.
"É difícil dizer se a parada atrapalhou ou não diante da prova que o Cesar fez. Foi a melhor de sua carreira [sua marca mais rápida era 21s08]", afirmou Alberto Silva Pinto, técnico do Pinheiros que trabalha com o nadador em São Paulo.
"Mas o tempo que ele quer é bem abaixo do recorde. Se nadar bem de novo, tem margem para bater", completou.
Cielo ainda tem chances de superar a marca, hoje, na final do Open, a partir das 9h30. As condições, porém, não serão tão boas como as de ontem. Pela manhã, os atletas costumam render menos. Sua última chance de atingir o feito usando um supermaiô será no revezamento 4 x 50 m livre, à tarde.
"Esta era a última competição no Brasil com finais à tarde. Infelizmente mudaram. Mas tenho de jogar com as regras do jogo", afirmou o nadador.
A partir de 2010, os atletas terão de competir com bermudas. E o próprio Cielo, 22, acredita que levará tempo para conseguir voltar a chegar a marcas tão rápidas -já é recordista dos 100 m livre, com 46s91.
"Nadar na casa dos 20s vai ser mais complicado", disse ele.
"Acho que em dois anos Cesar conseguirá nadar tão rápido quanto agora [sem o maiô]. Precisamos de alguns ajustes", afirmou o técnico australiano Brett Hawke, que assistiu à prova de ontem no Pinheiros.
Cielo já havia feito um bom tempo nos 100 m livre do Brasileiro -47s13, quinta melhor marca de todos os tempos.
Para o nadador, o tempo dos 100 m foi uma surpresa. Segundo ele, a temporada não foi ideal para treinos, já que teve muitos compromissos fora da piscina depois da conquista de dois ouros no Mundial.
Também acreditava ser difícil estabelecer a nova marca na piscina do Pinheiros que, segundo o nadador, "não tem boas condições para fazer tempo". Hoje, ele tentará novamente provar o contrário.