São Paulo, segunda-feira, 19 de janeiro de 2004

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Após pito, Brasil avança, mas repete velhos erros

Carlos Barria/Reuters
Seguido por Robinho, Dudu Cearense comemora seu gol, o terceiro do Brasil e seu primeiro no Pré-Olímpico, na vitória sobre a Colômbia


Seleção sub-23 joga apenas para o gasto contra a Colômbia e segue na luta pelo ouro olímpico

RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A VALPARAÍSO

O pito que veio pelo telefone da sala da presidência da CBF não teve força para acordar a seleção brasileira sub-23, que ontem jogou só para o gasto para derrotar uma inofensiva Colômbia por 3 a 0 e seguir na luta pelo inédito ouro olímpico, único título que falta ao país pentacampeão mundial.
O time de Ricardo Gomes, criticado com veemência por Ricardo Teixeira após o empate contra o Chile, na última quinta, repetiu em Valparaíso os erros da primeira fase, demonstrou a mesma falta de empenho dos outros jogos e não manteve o clima de desconfiança que ronda os meninos do Brasil desde o empate contra o Uruguai, há uma semana.
No primeiro tropeço, que custou ao Brasil a liderança do Grupo A, a desculpa foi o cansaço. Na quinta, contra os donos-da-casa, a responsabilidade para o empate e da inédita ida para uma repescagem foi parar nas costas do juiz. Ontem, a desculpa para a preguiça e a falta de brilho do time foram os desfalques no time titular.
Visivelmente irritado, Ricardo Gomes reclamou muito do time, principalmente da defesa.
Pressionado pela cúpula da CBF, que tem telefonado para fazer críticas a seu trabalho no Chile, o técnico da sub-23 contará com o time completo na primeira rodada do quadrangular, contra a arqui-rival Argentina.
Diego e Fábio Rochemback, que ontem cumpriram suspensão, devem ser confirmados como titulares na quarta à noite.
Na sexta, o Brasil volta a enfrentar o Chile. E, no domingo que vem, decidirá seu futuro contra o vencedor de Equador x Paraguai, que se enfrentariam na segunda repescagem ontem à noite.
Apenas os dois primeiros colocados garantem vaga nos Jogos de Atenas, em agosto.
Nos últimos três jogos do Pré-Olímpico, a seleção sub-23 colocará à prova duas decisões da CBF: a de não ir à última instância e comprar briga na Fifa contra Milan e Sevilla, que não liberaram Kaká e Júlio Baptista para o torneio; e a de não enviar ao Chile integrantes da comissão técnica titular para que os garotos não se sentissem pressionados.
Mais do que isso, a geração de Robinho e Diego pode aniquilar o sonho pessoal de Teixeira de superar João Havelange em conquistas à frente do futebol nacional -o ex-presidente da Fifa conquistou duas Copas, como ele.
Para Ricardo Gomes, a etapa de desculpas acabou. Se quiser sobreviver na seleção pelo menos até agosto, seu time não poderá errar daqui para frente.
Nas vezes em que enfrentou times fortes, a seleção falhou. Nas duas oportunidades, em que empatou com Uruguai e Chile teve a possibilidade de se recuperar. Daqui para a frente, porém, dificilmente terá uma segunda chance.


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