São Paulo, quinta-feira, 19 de fevereiro de 2004

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OUTRO LADO

Relator, ex-sócio de sindicalista, nega extorsão

DO PAINEL FC
DA REPORTAGEM LOCAL

Auditor do Tribunal de Justiça Desportiva da FPF havia quatro anos, Washington Rodrigues de Oliveira, 32, diz que se arrependeu de ter votado pela punição de 12 pontos ao Oeste, mas nega veementemente que tenha tentado extorquir dinheiro da equipe de Itápolis em troca da mudança do voto.
"Tive três minutos para julgar e de repente, num processo assim, o advogado não consegue te sensibilizar, você pode dar um voto sem refletir tanto, prejudicar um clube e depois se arrepender. Houve um arrependimento, queria ter pensado mais", disse o relator, por telefone, à Folha.
Segundo ele, depois do julgamento, encontrou-se casualmente, num evento do handebol, com Heraldo Panhoca, advogado especialista em direito esportivo. Ao comentar seu voto com Panhoca, este teria lhe perguntado se havia visto o contrato dos atletas antes de tomar a decisão contrária ao Oeste. Respondeu que não.
"Fiquei com isso na cabeça, perguntei [ao TJD] se poderia mudar o voto, disseram que não, então tive que aceitar."
Para Washington, o que deve ter ocorrido é Hely Bíscaro ter usado indevidamente seu nome para tirar dinheiro do Oeste. "Nas conversas com ele, falei de um dinheiro que tenho para receber da ação de um atleta que represento contra o Flamengo. É uma ação de R$ 5,2 milhões, tenho direito a 30%, não ia me sujar por R$ 50 mil."
Afastado ontem mesmo do tribunal, Washington havia sido indicado por Rinaldo Martorelli, presidente do Sindicato dos Atletas de São Paulo, de quem foi sócio num escritório de advocacia em São Paulo. "Fechamos o escritório no começo do ano", afirmou o auditor, que disse não se lembrar se, na época em que foi indicado para o TJD, era sócio de Martorelli. Procurado pela Folha, o sindicalista não foi encontrado para comentar o caso.
Já Bíscaro responsabiliza o Oeste e o deputado Geraldo Vinholi pela confusão. "Era advogado do Oeste e eles diziam que estavam dispostos a qualquer coisa para recuperar os 12 pontos, tinham bala na agulha."
Afirmou também que é filiado ao PDT de Marília, que teria rivalidade com o mesmo partido em Itápolis, liderado por Vinholi, e que agora o deputado estaria tentando prejudicá-lo.
"Se a fita [gravada] tem alguma coisa, é que me induziram a dizer aquelas coisas, eu estava sendo enganado. Não agi como intermediário de ninguém. Posso ter cometido um deslize, errei ao tentar saber o que pensava o relator [Washington]."
O deputado Vinholi dá outra versão. Diz que entrou no caso porque achou a punição de 12 pontos injusta e ficou sabendo da suposta tentativa de extorsão pela diretoria do Oeste.
O time de Itápolis, por sua vez, nega que Bíscaro fosse advogado do clube e que tivesse lhe dito que estava disposto a qualquer coisa para ter de volta os 12 pontos. (FM, JCA, MVM E TA)


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