|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Brasil ignora regulamentos da Fifa
Negociações de jogadores envolvendo clubes do país ferem regras da entidade, que também as burlou
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
As negociações de jogadores
envolvendo clubes brasileiros
desrespeitam pelo menos 13 regras da Fifa. Não houve punição em nenhum caso. É o que
mostra levantamento feito pela
Folha consideradas duas legislações da entidade.
A Fifa é a responsável pela
fiscalização de negociações internacionais, enquanto a CBF
deve regular as nacionais. A Federação Nacional de Atletas
(Fenapaf) aponta descaso da
confederação brasileira.
O descumprimento sistemático às normas da Fifa ficou latente com a regularização de
atletas que atuaram em mais
de três clubes em uma temporada, como Romário e Mascherano. A entidade legalizou as
inscrições pelo Vasco e pelo Liverpool, respectivamente.
Mas jogar por três clubes em
menos de um ano é proibido
pelo regulamento para o status
e a transferência de atletas da
Fifa, que vale para transações
internacionais. Além disso, as
negociações são regidas pelas
determinações para agentes de
jogadores. Em relação à primeira norma, a Folha identificou sete pontos desrespeitados. Outros seis itens da segunda legislação foram ignorados.
"Quando a Fifa coloca normas assim, já é para ser desrespeitada. É uma lei só para inibição", analisa Celso Rodrigues,
advogado do Clube dos 13 .
Isso é percebido no assédio
de clubes a atletas rivais, que
fere dois artigos do regulamento de transferência. É proibido
aos times negociar diretamente com um atleta do rival, a não
ser que seu contrato expire em
seis meses, ou induzir o atleta a
romper seu vínculo.
O empresário também não
pode fazer contato com o jogador antes de informar o clube.
A atuação dos agentes tinha
um tribunal instituído pela
CBF -que nunca puniu ninguém. Aliás, a entidade revela
desconhecimento das normas
da Fifa, como mostrou no caso
de Jônatas. O volante se transferiu do Flamengo para o Espanyol, que pagou multa rescisória. O clube consultou a CBF
para saber se haveria como segurá-lo. A confederação deu
parecer informando que nada
poderia ser feito para retê-lo.
Mas a Fifa estabelece que um
contrato não pode ser rompido
sem a concordância de uma das
partes, no meio de uma competição -o Brasileiro estava em
curso. "O que eu poderia fazer?
Havia um parecer da CBF",
conta o vice de futebol do Flamengo, Kléber Leite.
Texto Anterior: Agenda: Time viaja e prioriza treino em Sergipe Próximo Texto: Tô nem aí: Membro da Fifa diz CBF dá pouca importância à negociação Índice
|