São Paulo, segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasil ignora regulamentos da Fifa

Negociações de jogadores envolvendo clubes do país ferem regras da entidade, que também as burlou

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

As negociações de jogadores envolvendo clubes brasileiros desrespeitam pelo menos 13 regras da Fifa. Não houve punição em nenhum caso. É o que mostra levantamento feito pela Folha consideradas duas legislações da entidade.
A Fifa é a responsável pela fiscalização de negociações internacionais, enquanto a CBF deve regular as nacionais. A Federação Nacional de Atletas (Fenapaf) aponta descaso da confederação brasileira.
O descumprimento sistemático às normas da Fifa ficou latente com a regularização de atletas que atuaram em mais de três clubes em uma temporada, como Romário e Mascherano. A entidade legalizou as inscrições pelo Vasco e pelo Liverpool, respectivamente.
Mas jogar por três clubes em menos de um ano é proibido pelo regulamento para o status e a transferência de atletas da Fifa, que vale para transações internacionais. Além disso, as negociações são regidas pelas determinações para agentes de jogadores. Em relação à primeira norma, a Folha identificou sete pontos desrespeitados. Outros seis itens da segunda legislação foram ignorados.
"Quando a Fifa coloca normas assim, já é para ser desrespeitada. É uma lei só para inibição", analisa Celso Rodrigues, advogado do Clube dos 13 .
Isso é percebido no assédio de clubes a atletas rivais, que fere dois artigos do regulamento de transferência. É proibido aos times negociar diretamente com um atleta do rival, a não ser que seu contrato expire em seis meses, ou induzir o atleta a romper seu vínculo.
O empresário também não pode fazer contato com o jogador antes de informar o clube.
A atuação dos agentes tinha um tribunal instituído pela CBF -que nunca puniu ninguém. Aliás, a entidade revela desconhecimento das normas da Fifa, como mostrou no caso de Jônatas. O volante se transferiu do Flamengo para o Espanyol, que pagou multa rescisória. O clube consultou a CBF para saber se haveria como segurá-lo. A confederação deu parecer informando que nada poderia ser feito para retê-lo.
Mas a Fifa estabelece que um contrato não pode ser rompido sem a concordância de uma das partes, no meio de uma competição -o Brasileiro estava em curso. "O que eu poderia fazer? Havia um parecer da CBF", conta o vice de futebol do Flamengo, Kléber Leite.


Texto Anterior: Agenda: Time viaja e prioriza treino em Sergipe
Próximo Texto: Tô nem aí: Membro da Fifa diz CBF dá pouca importância à negociação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.