São Paulo, segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

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Canadá desdenha de Pan paralelo com brasileiros

País planeja equipe mista no Rio e não se abala em perder 3º lugar nos Jogos

Comitê olímpico local diz que o objetivo é usar torneio para preparar atletas e obter o maior número possível de vagas na Olimpíada de 2008

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O objetivo do Comitê Olímpico Brasileiro para o Pan do Rio é claro: figurar em terceiro lugar no quadro de medalhas.
O plano já está traçado desde 2003. Só que o maior rival do Brasil não está nem aí para a disputa. Para o Canadá, mais do que provar a força do país na América, o Pan é a chance de testar atletas e obter vagas na Olimpíada de Pequim-08. Não há disputa paralela nem medo de perder a terceira colocação.
"Em respeito aos canadenses, não prevemos quantas medalhas vamos ganhar ou em que posição terminaremos. A meta é preparar e classificar nossos atletas para Pequim", disse à Folha Alex Gardiner, diretor de alto rendimento do Comitê Olímpico do Canadá.
Assim, a delegação deve enviar seus principais atletas só para esportes que valem classificação direta ou acumulam pontos na disputa por vagas na Olimpíada -no total, 13.
"A Olimpíada é o objetivo número um. Não vamos forçar atletas a irem ao Rio se eles sentirem que terão sua preparação prejudicada", diz Anne Merklinger, diretora-geral da confederação de canoagem, uma das forças do país.
A maioria dos canadenses que não têm o Pan como porta para os Jogos na China está livre para eleger sua prioridade.
Em alguns casos, até o calendário inviabilizará a viagem ao Rio. Na natação, por exemplo, o Canadá levará sua equipe B, com obrigatoriamente um terço de atletas da seleção júnior.
Os nadadores convocados para o Mundial de Melbourne, em março, nem sequer poderão participar da seletiva porque já estarão na Austrália.
"O Canadá valoriza o Pan, mas não é nem de longe a importância dada a Olimpíadas e Mundiais. O Pan é mais uma das formas de testar a equipe", explica Marles Martins, brasileiro, que é técnico da seleção canadense de tênis de mesa.
Cenário bem diferente do brasileiro, em que as confederações e o comitê olímpico se esforçam para ter os melhores em todas as provas no Pan.
Na história dos Jogos, o Canadá ocupa o terceiro posto no quadro de medalhas, atrás de EUA e Cuba. Os brasileiros aparecem na quinta colocação, superados pela Argentina.
A possibilidade de o país ser batido na disputa pelo terceiro lugar no Pan do Rio já era praticamente dada como certa pelos canadenses desde os Jogos de Santo Domingo-03.
Na última edição do evento, por pouco o Canadá não caiu para quarto na classificação geral -abocanhou apenas um primeiro lugar a mais (29 a 28).
Por causa de vários casos de doping, o Brasil herdou outro ouro, e o desempate foi decidido pelas medalhas de prata.
Ao contrário do que fez em casa, em Winnipeg-99, o Canadá não levou força máxima ao Caribe. Pelas contas do comitê, mais de 80% dos atletas eram revelações que usaram a disputa dos Jogos para amadurecer.
A delegação canadense contava com 440 atletas. A previsão para o Rio é de 500. "Dificilmente ficaremos em terceiro. Não iremos com força máxima", disse à época Chris Rudge, secretário-geral do comitê.
Para o Pan, o Canadá prevê gasto de cerca de R$ 32 milhões -71% vêm do governo federal e 29% do comitê do país.


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