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Canadá desdenha de Pan paralelo com brasileiros
País planeja equipe mista no Rio e não se abala em perder 3º lugar nos Jogos
Comitê olímpico local diz que o objetivo é usar torneio para preparar atletas e obter o maior número possível de vagas na Olimpíada de 2008
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O objetivo do Comitê Olímpico Brasileiro para o Pan do
Rio é claro: figurar em terceiro
lugar no quadro de medalhas.
O plano já está traçado desde
2003. Só que o maior rival do
Brasil não está nem aí para a
disputa. Para o Canadá, mais do
que provar a força do país na
América, o Pan é a chance de
testar atletas e obter vagas na
Olimpíada de Pequim-08. Não
há disputa paralela nem medo
de perder a terceira colocação.
"Em respeito aos canadenses, não prevemos quantas medalhas vamos ganhar ou em
que posição terminaremos. A
meta é preparar e classificar
nossos atletas para Pequim",
disse à Folha Alex Gardiner,
diretor de alto rendimento do
Comitê Olímpico do Canadá.
Assim, a delegação deve enviar seus principais atletas só
para esportes que valem classificação direta ou acumulam
pontos na disputa por vagas na
Olimpíada -no total, 13.
"A Olimpíada é o objetivo
número um. Não vamos forçar
atletas a irem ao Rio se eles
sentirem que terão sua preparação prejudicada", diz Anne
Merklinger, diretora-geral da
confederação de canoagem,
uma das forças do país.
A maioria dos canadenses
que não têm o Pan como porta
para os Jogos na China está livre para eleger sua prioridade.
Em alguns casos, até o calendário inviabilizará a viagem ao
Rio. Na natação, por exemplo, o
Canadá levará sua equipe B,
com obrigatoriamente um terço de atletas da seleção júnior.
Os nadadores convocados
para o Mundial de Melbourne,
em março, nem sequer poderão participar da seletiva porque já estarão na Austrália.
"O Canadá valoriza o Pan,
mas não é nem de longe a importância dada a Olimpíadas e
Mundiais. O Pan é mais uma
das formas de testar a equipe",
explica Marles Martins, brasileiro, que é técnico da seleção
canadense de tênis de mesa.
Cenário bem diferente do
brasileiro, em que as confederações e o comitê olímpico se
esforçam para ter os melhores
em todas as provas no Pan.
Na história dos Jogos, o Canadá ocupa o terceiro posto no
quadro de medalhas, atrás de
EUA e Cuba. Os brasileiros
aparecem na quinta colocação,
superados pela Argentina.
A possibilidade de o país ser
batido na disputa pelo terceiro
lugar no Pan do Rio já era praticamente dada como certa pelos
canadenses desde os Jogos de
Santo Domingo-03.
Na última edição do evento,
por pouco o Canadá não caiu
para quarto na classificação geral -abocanhou apenas um
primeiro lugar a mais (29 a 28).
Por causa de vários casos de
doping, o Brasil herdou outro
ouro, e o desempate foi decidido pelas medalhas de prata.
Ao contrário do que fez em
casa, em Winnipeg-99, o Canadá não levou força máxima ao
Caribe. Pelas contas do comitê,
mais de 80% dos atletas eram
revelações que usaram a disputa dos Jogos para amadurecer.
A delegação canadense contava com 440 atletas. A previsão para o Rio é de 500. "Dificilmente ficaremos em terceiro. Não iremos com força máxima", disse à época Chris Rudge,
secretário-geral do comitê.
Para o Pan, o Canadá prevê
gasto de cerca de R$ 32 milhões -71% vêm do governo federal e 29% do comitê do país.
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