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Crise derruba esporte da Ulbra
Pendência judicial e dificuldade econômica fazem universidade dar fim a futsal, basquete e atletismo
Instituição de ensino, que adota modelo americano de ter times em vários esportes, teve a condição filantrópica questionada pela Receita
ADALBERTO LEISTER FILHO
GIULLIANA BIANCONI
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise econômica e problemas judiciais frearam o principal projeto esportivo de instituição de ensino do país. A Ulbra (Universidade Luterana do
Brasil) decretou o fim, sucessivamente, de suas equipes de
futsal, basquete e atletismo.
Manteve-se no vôlei e no futebol -neste último, disputa o
Gaúcho e tenta vaga na Série D
do Campeonato Brasileiro.
"Avaliamos que 2009 seria
um ano para manter apenas algumas modalidades, principalmente aquelas que conseguirem ser bancadas com patrocínios", relata Fabrício Marin,
gerente de esportes da Ulbra.
Instituição de ensino moldada no exemplo de universidades americanas, com programa
esportivo em diversas modalidades, a Ulbra enfrentou grave
pendência judicial em 2008.
A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional contestou a
condição de entidade filantrópica da instituição e ajuizou cobrança de R$ 2 bilhões referentes a impostos e contribuições
previdenciárias desde 1998.
No dia 4, a Ulbra reconquistou o certificado de beneficente. Mas a crise financeira que
assolou a instituição produziu
estragos em seu departamento
de esportes. Foi o caso do futsal, maior campeão da história
da Liga, principal torneio do
país, que se licenciou.
"A Ulbra quer sempre ter um
time competitivo. Para isso,
precisamos de parcerias. Como
estamos sem, fechamos", relata
Atílio Dias, ex-supervisor do
futsal, que agora está no vôlei.
Casos semelhantes vivem o
atletismo e o basquete. O primeiro, que chegou a ser a terceira melhor equipe do país
-atrás só das potências BM&F
e Rede-, anunciou na semana
passada o fechamento do projeto. "É um intervalo. Em março, vamos retornar, mas com
uma equipe regional, não mais
para ficar entre os primeiros do
Troféu Brasil", admite Marin.
Do grupo que atuou nos Jogos de Pequim, em agosto, dois
atletas integravam a Ulbra:
Emmily Pinheiro (4 x 400 m) e
Fabiano Peçanha (800 m). Emmily se transferiu para a Rede.
Fabiano está no Pinheiros. Mas
os problemas não acabaram.
"Não recebo desde dezembro",
diz Marco de Lazari, ex-técnico
da equipe. Segundo a Ulbra, os
salários do atletismo foram
acertados. "Amanhã [hoje] pagaremos o basquete, o último
esporte que estava com vencimentos atrasados", fala Marin.
O basquete, por sua vez, também foi fechado, após o fim da
parceria com a Prefeitura de
Rio Claro. A universidade, dona
de uma franquia do NBB (Novo
Basquete Brasil), equivalente
ao Brasileiro da modalidade,
abriu mão de jogar o torneio.
A promessa agora é de uma
volta no próximo semestre, ao
menos para disputar o Gaúcho.
"E podemos entrar na segunda
edição do NBB, que começa no
final do ano", prevê Marin.
A crise da Ulbra é só um sintoma de um setor que tem perdido representatividade nas
principais ligas do país (basquete, vôlei, handebol e futsal).
Há oito anos, as instituições
de ensino emergiam como novo polo, sendo mantenedoras
de um terço dos clubes que disputavam esses torneios. Hoje,
respondem por menos de 25%.
A Universo (Universidade
Salgado de Oliveira) exemplifica a degringolada. A instituição
foi dona de quatro times de basquete. Hoje mantém um, o Brasília, campeão da Liga das Américas. "Em breve, vamos retomar o time em Uberlândia", diz
Jorge Bastos, diretor da equipe.
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