São Paulo, sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

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Política e pouca bola derrubam Muricy

Após ser goleado em casa pelo São Caetano, Palmeiras demite treinador e acerta com Antônio Carlos até o final do ano

Em 34 partidas dirigindo o clube, técnico colecionou 13 vitórias, 11 empates e sofreu 10 derrotas, com um aproveitamento de 49%

Rubens Cavallari/Folha Imagem
Muricy Ramalho, agora ex-treinador do Palmeiras, deixa o
centro de treinamento do clube, ontem


EDUARDO ARRUDA
DO PAINEL FC
RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Muricy Ramalho não resistiu aos maus resultados e à pressão política no Palmeiras e foi demitido ontem, depois de 207 dias no comando da equipe.
Para o lugar dele, a diretoria fechou com Antônio Carlos, do São Caetano, que assinou contrato até o final da temporada e será apresentado hoje à tarde.
O acerto foi rápido. À tarde o Palmeiras procurou o ex-zagueiro, bicampeão paulista e brasileiro como atleta do time na década de 90. À noite definiu o acordo. A reportagem apurou que o treinador pediu salários de R$ 175 mil e o Palmeiras queria dar R$ 100 mil. No time do ABC, Antônio Carlos ganhava cerca de um terço do valor.
Profissional com perfil de Antônio Carlos era desejado havia meses por Cipullo.
Na avaliação dele, o futebol precisava de alguém que soubesse transitar e dialogar com o elenco, o que, na visão dos dirigentes, faltava a Muricy.
Antônio Carlos cumpriu bem esse papel no Corinthians. Por isso, foi convidado no início do ano para ser supervisor de futebol no Parque Antarctica. O negócio não deu certo à época porque ele era tido como "sombra" para Muricy no clube.
A crise no futebol resultou, também, na saída do gerente Toninho Cecílio, que oficialmente pediu demissão. No clube desde março de 2007, ele era um dos homens fortes do departamento, ao lado de Cipullo. Outro que sai é o diretor Genaro Marino. Seraphim Del Grande assumirá o posto.
Cipullo, que ganhou a queda de braço travada com Muricy, avisou que o clube contratará um novo gerente para a vaga de Toninho. Mas salientou que a principal reformulação no futebol "era a saída do treinador".
A gota d'água para a queda do técnico tricampeão nacional com o São Paulo foi a goleada imposta pelo São Caetano, sob o comando de Antônio Carlos, anteontem, no Parque Antarctica. Após os 4 a 1, os dirigentes tinham avisado que alguma mudança precisaria ser feita.
Durante sua entrevista, após o jogo, Muricy havia declarado que não tinha medo de ser mandado embora. "Se eu tivesse de sair, teria saído em dezembro, quando eu tinha uma proposta muito forte."
Ontem, ele nem foi ao campo do CT para dirigir o treino. Despediu-se do elenco no vestiário e, às 16h30, deixou o local pelo portão lateral, sem falar com a imprensa. Tata, seu auxiliar, foi embora logo em seguida.
Em 34 jogos dirigindo o Palmeiras, Muricy colecionou 13 vitórias, 11 empates e 10 derrotas, com aproveitamento de 49% dos pontos disputados.
O clube terá de pagar aproximadamente R$ 2,5 milhões ao treinador. A quantia representa metade do total que Muricy ganharia até o término de seu contrato, no final deste ano.


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