|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
entrevista
Falta ousadia ao Palmeiras, diz demitido
PAULO VINICIUS COELHO
COLUNISTA DA FOLHA
Desde dezembro, quando
o Palmeiras perdeu a vaga na
Libertadores na última rodada do Brasileiro, havia uma
disputa entre o vice de futebol do clube, Gilberto Cipul-
lo, e o presidente Luiz Gonzaga Belluzzo. O primeiro
não escondia a intenção de
trocar o técnico. O segundo
preferia manter o treinador.
Muricy deixou o clube sem
falar sobre isso, sem acusações. Mas não poupa críticas
à gestão. Para ele, o que falta
ao Palmeiras para ir mais
longe nos torneios é ousar.
Até a semana passada, Muricy dizia ter confiança em
obter um título com o clube.
"Nesse caso, certamente eu
me lembraria do meu pai
[que era palmeirense]."
Na saída, ele ressaltou que
o time, em construção, seria
forte. Não teve, entretanto,
tempo para comprovar isso.
PERGUNTA - Como você está depois da saída do Palmeiras?
MURICY RAMALHO
- Ah, estou
bem. Normal. Saí do clube e
vim para casa descansar.
PERGUNTA - Mas como você está em relação à direção de futebol
do Palmeiras, ao Gilberto Cipullo
e ao Toninho Cecílio, que sabidamente queriam sua saída?
MURICY
- Eu passei pouco
tempo no Palmeiras, e a gente nunca conhece tanto as
coisas, as pessoas. Acho que
faltou um pouco de ousadia.
O time que está aí não dá, todo mundo sabe. Já falei sobre
isso. Então, acho que faltou
um pouco de ousadia. Mas
não me meto muito com as
pessoas. Faço meu trabalho e
não ligo muito para o relacionamento com as pessoas.
PERGUNTA - Pergunto como você está sobre Cipullo e Toninho
porque eles eram a favor da sua
saída desde dezembro, quando
acabou o Brasileiro, e foi o presidente Belluzzo quem o segurou...
MURICY
- Faço muito meu
trabalho e não me meto com
as pessoas. A gente ouve algumas coisas, mas esse negócio de que o Belluzzo segurou... Fiquei porque quis,
pois tinha proposta para sair.
Não posso falar sobre como
foram as coisas nos bastidores. Passo o dia no trabalho.
Mas fiquei porque preferi ficar. Tenho a minha mania de
cumprir contrato. Tenho
vergonha de sair no meio. E
não é verdade que eu fiquei
porque me seguraram... Fiquei também porque eu quis.
PERGUNTA - Porque você também tinha proposta do exterior...
MURICY -
Olha, enquanto eu
trabalho, sou muito parceiro.
Não gosto de deixar as pessoas na mão. Mas, no Palmeiras, pô... A gente não foi para
a Libertadores, mas o Grêmio não foi, o Botafogo não
foi... E está todo mundo contratando. Já o Palmeiras...
Tem umas coisas [no clube]
que são meio complicadas...
PERGUNTA - Você está falando
dessa vida política do clube?
MURICY
- Não, da vida política, não... Eu saio achando do
Palmeiras é que falta um
pouco de ousadia para fazer
algumas coisas. Porque ali
tem um clube que tem estrutura, que tem torcida que
apoia... Tem muita coisa boa
para fazer um bom trabalho.
PERGUNTA - Você diria que é
uma pena não ter dado certo, ter
passado pouco tempo?
MURICY
- Uma pena pelo Palmeiras. A gente estava montando o time. As coisas estavam devagar, mas caminhando. Íamos ter bons resultados, pode ter certeza. É uma
pena pelo Palmeiras e pelo
presidente. E pela torcida.
Agradeço a todas as parcelas
da torcida. Nos piores momentos, nos apoiou. Você vê,
no primeiro jogo do ano,
após ficar sem a Libertadores, foram 18 mil ver a partida contra o Mogi Mirim.
Texto Anterior: Opinião: Clube gasta mal e inverte o bom, bonito e barato Próximo Texto: No blog: Luxemburgo ironiza Belluzzo Índice
|