São Paulo, sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

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entrevista

Falta ousadia ao Palmeiras, diz demitido

PAULO VINICIUS COELHO
COLUNISTA DA FOLHA

Desde dezembro, quando o Palmeiras perdeu a vaga na Libertadores na última rodada do Brasileiro, havia uma disputa entre o vice de futebol do clube, Gilberto Cipul- lo, e o presidente Luiz Gonzaga Belluzzo. O primeiro não escondia a intenção de trocar o técnico. O segundo preferia manter o treinador.
Muricy deixou o clube sem falar sobre isso, sem acusações. Mas não poupa críticas à gestão. Para ele, o que falta ao Palmeiras para ir mais longe nos torneios é ousar.
Até a semana passada, Muricy dizia ter confiança em obter um título com o clube. "Nesse caso, certamente eu me lembraria do meu pai [que era palmeirense]."
Na saída, ele ressaltou que o time, em construção, seria forte. Não teve, entretanto, tempo para comprovar isso.

 

PERGUNTA - Como você está depois da saída do Palmeiras?
MURICY RAMALHO
- Ah, estou bem. Normal. Saí do clube e vim para casa descansar.

PERGUNTA - Mas como você está em relação à direção de futebol do Palmeiras, ao Gilberto Cipullo e ao Toninho Cecílio, que sabidamente queriam sua saída?
MURICY
- Eu passei pouco tempo no Palmeiras, e a gente nunca conhece tanto as coisas, as pessoas. Acho que faltou um pouco de ousadia. O time que está aí não dá, todo mundo sabe. Já falei sobre isso. Então, acho que faltou um pouco de ousadia. Mas não me meto muito com as pessoas. Faço meu trabalho e não ligo muito para o relacionamento com as pessoas.

PERGUNTA - Pergunto como você está sobre Cipullo e Toninho porque eles eram a favor da sua saída desde dezembro, quando acabou o Brasileiro, e foi o presidente Belluzzo quem o segurou...
MURICY
- Faço muito meu trabalho e não me meto com as pessoas. A gente ouve algumas coisas, mas esse negócio de que o Belluzzo segurou... Fiquei porque quis, pois tinha proposta para sair. Não posso falar sobre como foram as coisas nos bastidores. Passo o dia no trabalho. Mas fiquei porque preferi ficar. Tenho a minha mania de cumprir contrato. Tenho vergonha de sair no meio. E não é verdade que eu fiquei porque me seguraram... Fiquei também porque eu quis.

PERGUNTA - Porque você também tinha proposta do exterior...
MURICY -
Olha, enquanto eu trabalho, sou muito parceiro. Não gosto de deixar as pessoas na mão. Mas, no Palmeiras, pô... A gente não foi para a Libertadores, mas o Grêmio não foi, o Botafogo não foi... E está todo mundo contratando. Já o Palmeiras... Tem umas coisas [no clube] que são meio complicadas...

PERGUNTA - Você está falando dessa vida política do clube?
MURICY
- Não, da vida política, não... Eu saio achando do Palmeiras é que falta um pouco de ousadia para fazer algumas coisas. Porque ali tem um clube que tem estrutura, que tem torcida que apoia... Tem muita coisa boa para fazer um bom trabalho.

PERGUNTA - Você diria que é uma pena não ter dado certo, ter passado pouco tempo?
MURICY
- Uma pena pelo Palmeiras. A gente estava montando o time. As coisas estavam devagar, mas caminhando. Íamos ter bons resultados, pode ter certeza. É uma pena pelo Palmeiras e pelo presidente. E pela torcida. Agradeço a todas as parcelas da torcida. Nos piores momentos, nos apoiou. Você vê, no primeiro jogo do ano, após ficar sem a Libertadores, foram 18 mil ver a partida contra o Mogi Mirim.


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