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FUTEBOL
Mané, Diego e Ronaldinho
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
Quer dizer que o doutor
Tostão escreveu que, independentemente do que venha a
fazer na Copa da Alemanha, Ronaldinho Gaúcho já está no nível
de Garrincha e Maradona, só
abaixo de Pelé?
Invejo o doutor Tostão.
É corajoso o doutor Tostão.
Invejo por ser ele quem foi como
jogador e por ser quem é como cidadão e colunista.
Corajoso porque, sobre o mesmo tema, eu simplesmente pipoquei.
Sim, até falei coisa parecida,
mas não tive peito para escrever.
O que se fala o vento leva, o que
se escreve fica.
Mas sempre achei que ir bem ou
ganhar uma Copa do Mundo não
deve ser definitivo para avaliar
um jogador de futebol.
Tantos gênios não a venceram,
como Cruyff, Zico e Falcão, para
ficar só em três.
Outros tantos não brilharam
nela, como Ademir da Guia.
E alguns até nem a jogaram, como Coutinho e Dirceu Lopes
-um, parceiro de Pelé, e o outro,
do próprio Tostão.
Pois é. Como já disse Fernando
Calazans: não ganharam, não
brilharam, não disputaram uma
Copa do Mundo?
Azar da Copa do Mundo.
Porque agora, com o aval do
doutor Tostão, eu o imito, descaradamente: Ronaldinho Gaúcho
está no patamar de Mané Garrincha e Diego Maradona.
Como ambos, ele não é apenas
eficaz. Ele também faz rir.
Sempre gostei de comparar Mané Garrincha com Charles Chaplin e Pelé com Steven Spielberg.
O primeiro fazia o estádio rir,
gargalhar até.
O segundo deixava os estádios
boquiabertos, estupefatos.
Pois Ronaldinho faz as duas
coisas. Magistralmente.
E faz gols como poucos, como
Pelé e Maradona, por exemplo.
E passa para seus companheiros
marcarem, como Mané e Diego,
por exemplo.
Ronaldinho reinventa o futebol
e joga uma bola superior hoje em
dia, numa raia diferente de seus
companheiros de profissão.
O jogo que ele joga não é o mesmo dos demais -e olhe que entre
esses demais tem gente como Zinedine Zidane e Thierry Henry,
para não cansar o leitor.
E o doutor Tostão lembrou que
Ronaldinho já foi muito bem na
Copa passada.
"É, mas foi expulso infantilmente contra a Inglaterra", alguém fará questão de lembrar.
Verdade. Só que o francês Zidane também foi expulso na Copa
de 1998, em casa e na estréia, e
acabou brilhantemente campeão,
como Ronaldinho Gaúcho.
Doutor Tostão me encorajou a
terminar estas mal traçadas de
maneira eloqüente, quase demagógica, triunfal.
Vamos parar de pruridos bobos
e dizer as coisas como as coisas
são: Ronaldinho Gaúcho é gênio e
já garantiu seu lugar no panteão
que abriga Garrincha e Maradona. Mesmo que vá mal na Copa
da Alemanha.
E, se estraçalhar no torneio, como esperamos, deixaremos de
lembrar dele apenas ao lado desses dois deuses.
E o Rei Pelé que se cuide, porque
o seu século já acabou.
Seleção da coluna
Só tem um bicho mais curioso que jornalista: o leitor. É impressionante como você quer saber qual seria a seleção brasileira ideal do
colunista. Já que tirei o domingo para declarações bombásticas, lá
vai, começasse amanhã a Copa do Mundo de 2006: Rogério Ceni, Cicinho, Alex, Juan e Zé Roberto; Emerson, Juninho Pernambucano,
Kaká e Ronaldinho Gaúcho; Robinho e Ronaldo. Como o Mundial
na Alemanha não começa amanhã, e imaginando uma situação em
que todos os jogadores estejam 100%, a seleção seria: Marcos, Cafu,
Alex, Juan e Roberto Carlos; Zé Roberto, Juninho Pernambucano,
Kaká e Ronaldinho Gaúcho; Robinho e Ronaldo. E diria ao Ronaldinho Gaúcho: jogue como você joga no Barcelona, com liberdade.
Olhe para o Ronaldo como se fosse o Eto'o e para o Kaká como se fosse o Deco.
@ - blogdojuca@uol.com.br
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